Por Elaine Antunes
Não que melancia fosse sua fruta favorita, mas naquele dia estava realmente inspirada. Uma grande, enorme, super, vontade de comer melancia.
E tudo começou quando passava pelo mercado municipal, a caminho do ônibus que a levaria à casa dos pais, para uma breve visita:
— Moça, vai aí uma melancia? - perguntou o simpático moço da banca
_ Pega um naco pra experimentar... veja como está suculenta!
Ela experimentou.
— Vou levar uma - decidiu.
Depois que comprou, percebeu um pequeno problema: como levaria aquela melancia para casa?
“Hum... acho que não deve ser difícil levar isso no ônibus...”
Ônibus lotado. Encarou assim mesmo. Corajosa, fez pouco de seus um metro e meio de altura e permaneceu, altiva, em pé no corredor, já que nenhum “cavalheiro” se dispôs a dar-lhe o lugar ou segurar-lhe a pesada fruta.
Já com os pequenos braços doloridos, chegou a hora de descer. Outra aventura ter que atravessar o ônibus. Conseguiu.
“Como sou esperta... comprar uma melancia e andar com ela de ônibus... só pra minha cara mesmo! Tem que haver um jeito mais fácil de carregá-la...”
E havia. Pelo menos foi o que pensou, quando resolveu colocar a melancia no chão e ir rolando a fruta com o pé, mais parecendo uma grande bola de futebol americano. A grande idéia até que deu certo. Pelo menos por alguns metros. Até que, por causa de uma pedrinha na calçada, a fruta desviou-se de seu curso e deu-se com tudo em um poste. Espatifou-se. A moça olhava com desolação a fruta despedaçada. — Ah... minha melancia! - lamentou-se - Não, isso não vai ficar assim, eu vou comê-la, viu? De qualquer jeito, viu? - esbravejava para os pedaços de melancia no chão, como se fossem malcriações que a tivessem feito. Juntou os pedaços, um a um, mesmo os que tinham terra e pedregulhos da calçada. “Não tem problema, dou uma lavadinha. Não há de fazer mal”. Enfim chegou à casa dos pais. Exausta, mas vitoriosa. Foi direto à cozinha. Lavou cuidadosamente cada pedaço que considerou aproveitável. Resolveu guardá-los para que ficassem fresquinhos. Ao mesmo tempo em que abria a porta da geladeira, o pai surgia na cozinha:
— Viu, filhinha, o que comprei pra você? Sabia que viria e quis fazer essa pequena surpresa - disse-lhe o pai, sorridente, referindo-se a duas enormes melancias que estavam guardadas na geladeira.
E ali ficou a moça, a fitar as frutas por alguns instantes, com um olhar desolado, boca apertada e um leve balançar de cabeça. Em seguida, fez ao pai uma pergunta, quase que um comentário: — Pai?... E se eu dissesse que na realidade estou com vontade de comer kiwis?
Elaine Antunes é coordenadora de marketing dos Supermercados Condor,
e minha amiga do coração. Com essa crônica ela ganhou o 1º lugar do Concurso de Crônicas entre os funcionários da Livrarias Curitiba.
Crônica baseada em um história real... muito engraçada, é só pedir que eu conto.
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