O primeiro blog que eu li, foi o TPM da Mercedes. Eu adorava, leitura obrigatória. Várias discussões interessantes e pessoas inteligentes. Ele saiu do ar e eu fiquei morrendo de saudades. Agora eu a encontrei e quero dividir com vocês esse prazer, confiram lá: http://www.caixapreta.com.br/blog/
E publico um poema dela, só pra dar uma palhinha.
Não quero escrever para você.
Não quero pensar,
Não quero lembrar.
Joguei fora os restos de mim, com restos seus.
Escolhi a pedra mais áspera, raspei a pele até sangrar.
Troquei as células, a carne, a alma.
Extirpei de mim sua semente:
Não há nada seu em meu cérebro,
Nada em meu ventre,
Nada em meu peito.
Não quero falar de você.
Não lembro. Não sei quem é.
Não o reconheço nas fotos que já queimei.
Não sinto seu cheiro nas migalhas amargas que restaram.
Não vejo seus olhos quando fecho os meus.
Não quero saber de você.
Não sei, não lembro, não vejo.
Não sei das mentiras em que acreditei.
Não sei dos sonhos que sonhei.
Não sei seus lábios, seu corpo, sua voz.
Não quero escrever para você.
Não há mais palavras em mim que lhe caibam.
Não há nada seu que me reste,
E se há em você algo meu,
me foi tirado, é vazio,
já não sou eu.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
sexta-feira, 22 de junho de 2007
quarta-feira, 20 de junho de 2007
O Jardim de Dora
terça-feira, 19 de junho de 2007
FLIP - V Festa Literária Internacional de Parati 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
terça-feira, 12 de junho de 2007
um poema para doze de junho
um poema para todos os que acham,
pensam, intuem, percebem,
desconfiam, descobrem,
e não conseguem disfarçar.
um poema para todos os que sabem.
sim porque há os que sabem,
os que sempre souberam.
ah, você sabe...
até mesmo eu sei de vez em quando.
um poema para todos os que dizem,
ou que sem querer falam,
em olhares, acenos, silêncios,
gritos, sussuros ou suspiros,
em cartas, e-mails ou telefonemas.
um poema para todos os que viram
e se lembram em cenas de cinema,
em quadros, fotografias ou letras de música.
um poema para os que falam
como querem as orquestras
ou como querem as orquídeas.
um poema para os que falam
até mesmo em três simples palavras,
o que é, o que foi, e tudo que ainda flor
um amor.
F.Koproski
pensam, intuem, percebem,
desconfiam, descobrem,
e não conseguem disfarçar.
um poema para todos os que sabem.
sim porque há os que sabem,
os que sempre souberam.
ah, você sabe...
até mesmo eu sei de vez em quando.
um poema para todos os que dizem,
ou que sem querer falam,
em olhares, acenos, silêncios,
gritos, sussuros ou suspiros,
em cartas, e-mails ou telefonemas.
um poema para todos os que viram
e se lembram em cenas de cinema,
em quadros, fotografias ou letras de música.
um poema para os que falam
como querem as orquestras
ou como querem as orquídeas.
um poema para os que falam
até mesmo em três simples palavras,
o que é, o que foi, e tudo que ainda flor
um amor.
F.Koproski
mais um poeminha
ela me falava que escrever era como morrer sol num mar de
monet eu bebendo minha dor como se fosse saquê ela me falava
que amor não era o que vênus vê mas o que psiquê um dia
pisque eu bebendo minha dor como se fosse whisky ela me
falava que mesmo que matisse mentisse eram flores de luz o que
vincent pensava às cores em contra-ataque eu bebendo minha
dor como se fosse conhaque ela me falava como se cada fala
aonde silêncio falta fosse nosso beijo esculpido por rodin a todo
instante eu bebendo minha dor como se fosse chianti.
quando ela me falava de sua dor, eu já bebendo qualquer coisa.
Fernando Koproski, amigo e poeta preferido.
Do livro "tudo que não sei sobre o amor", Ed. Travessa dos Editores.
monet eu bebendo minha dor como se fosse saquê ela me falava
que amor não era o que vênus vê mas o que psiquê um dia
pisque eu bebendo minha dor como se fosse whisky ela me
falava que mesmo que matisse mentisse eram flores de luz o que
vincent pensava às cores em contra-ataque eu bebendo minha
dor como se fosse conhaque ela me falava como se cada fala
aonde silêncio falta fosse nosso beijo esculpido por rodin a todo
instante eu bebendo minha dor como se fosse chianti.
quando ela me falava de sua dor, eu já bebendo qualquer coisa.
Fernando Koproski, amigo e poeta preferido.
Do livro "tudo que não sei sobre o amor", Ed. Travessa dos Editores.
13 de junho, Dia de Santo Antonio


Esse blog não poderia deixar de prestar sua homenagem ao santo casamenteiro.
Milhares de simpatias para arrumar namorado ensinam a botar a estátua do santo de cabeça virada para baixo, ou dentro do congelador e até retirar o menino Jesus dos braços do padroeiro. Prometendo que só devolve o garoto, retira o santo da gelada e o bota em pé de novo, se esse cumprir o milagre. Coitado do santo!
Para quem acredita e está a procura de namorado(a), segue uma oraçãozinha
simpática.
ORAÇÃO A SANTO ANTÔNIO
Santo Antônio! Santo Antônio!
Meu santinho tão querido,
Quero pedir, em segredo,
Que me arranje um marido.
Não é pra já... nada disso!
Que eu ainda sou criança,
Não posso ter compromisso,
Mas posso ter esperança...
Que vá o tempo passando,
Vá o senhor me arranjando...
Em todo o caso, a meu ver,
Já que o tempo é tanto assim,
Há tempo para escolher
Um bom marido pra mim.
Eu quero um moço fagueiro
Alto, bonito, valente,
Que ganhe muito dinheiro
E me dê muito presente.
Que seja rapaz direito
E não tolo atrevido,
Pois seja assim com o jeito
Do papaizinho querido.
Não é pra já, não senhor!
Mas... seja lá como for,
Mais dia ou menos dia,
Não quero é ficar pra tia!
Santo Antônio é o Santo mais popular do Brasil e, também, é conhecido por ser o Padroeiro dos pobres, Santo casamenteiro, sempre sendo invocado para se achar objetos perdidos.
Fernando de Bulhões (verdadeiro nome de Santo Antônio), nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família de posses. Aos 15 anos entrou para um convento agostiniano, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, onde provavelmente se ordenou. Em 1220 trocou o nome para Antônio e ingressou na Ordem Franciscana, na esperança de, a exemplo dos mártires, pregar aos sarracenos no Marrocos. Após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália. Indicado professor de teologia pelo próprio são Francisco de Assis, lecionou nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier, Puy-en-Velay e Pádua, adquirindo grande renome como orador sacro no sul da França e na Itália. Ficaram célebres os sermões que proferiu em Forli, Provença, Languedoc e Paris. Em todos esses lugares suas prédicas encontravam forte eco popular, pois lhe eram atribuídos feitos prodigiosos, o que contribuía para o crescimento de sua fama de santidade.
A saúde sempre precária levou-o a recolher-se ao convento de Arcella, perto de Pádua, onde escreveu uma série de sermões para domingos e dias santificados, alguns dos quais seriam reunidos e publicados entre 1895 e 1913. Dentro da Ordem Franciscana, Antônio liderou um grupo que se insurgiu contra os abrandamentos introduzidos na regra pelo superior Elias.
Após uma crise de hidropisia (Acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo). Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido, ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente em Portugal e no Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiro, é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.
Meu pequeno monstro
Que beleza
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Maria Antonieta de All Stars


Nada melhor que cinema no domingo a R$ 1,00 e uma excelente companhia para assistir o filme divertido e original de Sofia Copolla, "Maria Antonieta".
Uma Maria Antonieta contemporânea, moderninha, humana e feminina. Muito bem interpretada por Kirsten Dunst. O figurino, direção de arte, fotografia e cenários são espetaculares. A trilha sonora têm tudo o que eu gosto. Sofia tem mesmo muito bom gosto, rsrsrs
Parecia que eu estava no James dançando. Todo aquele cenário, roupa de época e tocando New Order, Gang ou Four e Siouxsie? E "All Cat's Are Grey", do Cure, a
minha banda favorita? Demais! Eu adorei! Vai se tornar o filme preferido dos indies.
Danem-se as falhas históricas, quem quiser que leia a chata biografia da rainha de Stephen Zweig. E daí a Revolução Francesa?
É um filme sobre uma adolescente, que não se vê rainha, tem que enfrentar uma corte hostil, cheia de regras e etiquetas ridículas em um país estrangeiro, um marido boiola, a pressão da mãe. Ai que saco! Tadinha! Eu também me acabaria em doces, festas e roupas.
Solitária e entediada ela inventa um mundo dentro da corte.
Lembro que quando entrevistei a Monja Coen, ela me disse para tentar abstrair-se de uma situação chata, encarar tudo de uma forma lúdica. Bom, para ela como Monja, deve ser de fato fácil.
Tive que sair do cinema direto para uma confeitaria. Os doces são lindos.
Sofia criou alguém de verdade. Um personagem histórico na tela mais real que muita gente de verdade. Ai, que falta faz as pessoas de verdade.
Estou cansada de pessoas que fingem: fingem que se divertem, fingem que estão felizes e blábláblá. Ok, também acho bacana ter uma atitude positiva na vida, não perder a fé em si e acreditar que as coisas podem sim, melhorar.
Mas tem épocas que simplesmente não dá.
Você está decepcionada, está de saco cheio de seus amigos, seus amigos estão de saco cheio de você, você está de saco cheio de você mesma, de críticas, de seu trabalho...
No meio dos sapatos da Antonieta você vê um tênis All Star usado.
É fantástico ver ela sair correndo de uma reunião chata com o marido fresquinho ao som dos STROKES para deitar na cama e ficar pensando do Conde Ferrel.
Não resisti e repeti a cena: quando cheguei em casa, coloquei a mesma música
e fiquei lá perdida no meio das cobertas, sonhando com o Conde Ferrel....
Até meu cachorro me tirar dos meus sonhos com sua barriga gorda na minha cara.
Também é dela, "Encontros e Desencontros" um dos meus filmes favoritos. A trilha musical também é animal e os momentos de tédio e de "que saco" na cara dos personagens são demais. Bill Murray com aquela cara sarcástica e tediosa está perfeito.
Estou de saco cheio dessa porra de ditadura de felicidade. Você está de saco cheio de algumas coisas na sua vida. Não tem mais a mesma disposição pra dançar a noite inteira no meio de um monte de piralhos. A maioria dos lugares estão uma merda (as mesmas pessoas com cara blasé, as mesmas músicas, as mesmas conversinhas pretensiosas). E você não quer mais beijar qualquer um.
E você não está a fim de tomar fluoxetina, paroxetina, ecstase, cocaína para se sentir melhor.
Quem sabe esteja na hora de seguir o conselho da Monja Cohen ou da personagem de Maria Antonieta e inventar, se inventar...
SER MAIS VOCÊ e mandar a corte francesa pra putaqueopariu.
sábado, 9 de junho de 2007
Medida
"O mundo não é do tamanho do que a gente carrega no peito".
Frase do meu amigo Wilson, que acabou de ser papai.
Bem-vindo ao mundo Vicente, e que ele seja para você do
tamanho que você quiser.
Frase do meu amigo Wilson, que acabou de ser papai.
Bem-vindo ao mundo Vicente, e que ele seja para você do
tamanho que você quiser.
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Alain de Botton traz as respostas para todos os seus problemas
(ou como falar de Nietzche sem ser uma mala total)
Um dos meus dois escritores brasileiros favoritos atualmente atende pelo nome de Fábio Hernandez (o outro chama-se José Roberto Torero). Hernandez assina uma imperdível coluna na última página da revista VIP, chamada "O Homem Sincero". Uma vez, ele escreveu que um sábio tio tinha lhe dito que não adianta ler muitos livros na vida, e sim se prender a apenas poucos autores, aqueles que lhe dão prazer na leitura.
Mesmo antes de ler esse conselho, já era adepto a essa atitude. Procuro me concentrar e entender alguns poucos, ao invés de vomitar conhecimento acadêmico. Um desses poucos favoritos que freqüentam a minha cabeceira está o suíço, radicado em Londres, Alain de Botton.
Alain de Botton escreveu um dos meus cinco livros favoritos em todos os tempos: "Ensaios de Amor". No livro, De Botton utiliza da matemática, da física, da química, da filosofia, da numismática e de outras ciências para analisar o cotidiano de seu namoro. E a conclusão? Nada dura eternamente. E sempre há um começo.
O escritor é uma celebridade. Não apenas no circuito intelectual, mas como um fenômeno popular. Nas paredes dos adolescentes britânicos, além de fotos de bandas de rock, freqüentemente pode se encontrar o rosto simpático do escritor. Simplesmente porque Alain de Botton, 31 anos, em seus livros, costuma sempre apresentar respostas para quase todos os problemas que afligem os corações humanos, como amor e falta de dinheiro.
Seu último livro, "As Consolações da Filosofia" (287 páginas, R$ 32), recém-lançado no Brasil pela editora Rocco, foi eleito um dos melhores livros de 2000 pela crítica inglesa e o alçou de vez à qualidade de mito, inaugurando a febre dos "cerebral celebrities", como eles dizem. De Botton foi eleito o principal escritor da Inglaterra, e o canal de TV Channel Four o convidou para apresentar uma série de programas sobre como a filosofia pode auxiliar as pessoas no dia-a-dia.
"As Consolações da Filosofia" sugere que a filosofia pode oferecer respostas para todas as mazelas humanas. A partir das idéias de seis filósofos – Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche – Alain de Botton apresenta exemplos de consolação para impopularidade, para a insuficiência de dinheiro, frustração, inadequação, coração partido e para dificuldades em geral. O escritor abusa de seus estilo bem-humorado, quase confessional, fazendo uso de capítulos curtos e lançando mão de muitas ilustrações.
O livro é dividido em seis capítulos, um para cada filósofo. No capítulo "Consolação para a impopularidade", a vida e a morte de Sócrates são apresentadas como um convite ao ceticismo racional. O autor utiliza o método socrático de raciocínio para estimular o leitor a desenvolver as suas próprias opiniões. Segundo Sócrates, em diversas ocasiões é necessário ter força para não levar a sério as opiniões alheias.
Já segundo Epicuro, a busca da felicidade pelo prazer é um alento para quem tem pouco dinheiro e muita dívidas. De acordo com o epicurismo, a felicidade é relativamente independente dos bens materiais. Em "Consolação para frustração", a vida de Sêneca é abordada, dando ênfase a sua única tese: a de que suportamos melhor as frustrações para as quais nos preparamos e somos atingidos principalmente por aquelas que menos esperamos. Segundo Sêneca, para garantir uma vida sem grandes frustrações, espere sempre por uma tragédia.
Montaigne é o responsável em confortar quem sente inadequação sexual, cultural ou intelectual. O escritor francês tinha reservas quanto à erudição livresca, questionava a racionalidade humana e defendia o diálogo franco sobre as atividades genitais. Os problemas amorosos são discutidos por Schopenhauer em "Consolação para um coração partido". O filósofo alemão garante que o amor nada mais é do que a manifestação da descoberta do pai e da mãe ideal para um prole inteligente e bonita. Segundo Schopenhauer, o consolo para a rejeição amorosa é saber que esta foi conseqüência de uma lei da natureza.
Já Nietzsche garante, em "Consolação para as dificuldades", que é impossível atingir uma vida plena sem passar por grandes períodos de dificuldade. Esse último é o favorito de de Botton. "Ele é extremamente complexo e diz muitas coisas ao mesmo tempo, em diferentes tópicos".
"As Consolações da Filosofia" é o sexto romance de Alain de Botton, todos disponíveis no Brasil. O autor estreou com o aclamado "Ensaios de Amor", em seguida vieram "O Movimento Romântico", "Nos Mínimos Detalhes" e "Como Proust Pode Mudar a Sua Vida". Nesse último, o autor mostra como o filósofo Proust pode auxiliar as pessoas em todas as situações do cotidiano. No entanto, é um livro totalmente diferente de "As Consolações...".
Além dos programas para o Channel Four, de Botton prepara um novo livro, que deve sair em junho próximo. "Até junho eu devo lançar um novo livro, acho que sai primeiro aqui na Inglaterra, na Australia e nos Estados Unidos. Deve chamar a 'A Arte de Viajar'. É uma meditação do por que nós saímos em viagem", promete Alain de Botton, por telefone, de Londres. Confira abaixo, a entrevista que o escritor deu com exclusividade ao Scream & Yell.
--------------------------------------------------------------------------------
Scream & Yell – Alguns críticos britânicos classificaram “As Consolações da Filosofia” como sendo um livro de auto-ajuda. Você se incomoda com esse rótulo?
Alain de Botton - Atualmente, em todo o mundo, a literatura de auto-ajuda tem uma reputação muito ruim. Existem muitos livros no mercado chamados "Como Mudar a Sua Vida em 5 Minutos", "Como Ser Feliz Para Sempre" e "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas". Muitos desses livros são mau escritos, piegas e pouco confiáveis. No entanto, eu acho que não existe nada de errado com a idéia de um livro que você possa ler e mudar a sua vida de alguma forma. Eu acho que essa é uma idéia amável e é a base dos trabalhos de muitos grandes filósofos da antigüidade, como Seneca, Epicuro, Sócrates entre outros. E no meu livro, eu tentei olhar para esse filósofos que fizeram uma espécie de literatura de auto-ajuda. Eles fizeram trabalhos destinados a ajudar as pessoas – uma idéia que hoje parece ser totalmente popular e vulgar, graças aos picaretas dos escritores de hoje. Quem sabe, talvez, com o meu livro, nós consigamos inventar uma nova categoria de literatura de auto-ajuda. Pode ser: "literatura de auto-ajuda de qualidade" (risos)
O que o levou a escrever sobre filosofia? Quando você começou a trabalhar nesse livro?
Eu sempre me interessei por filosofia, porque é a área onde as grandes questões da vida residem: qual é ponto da vida, o que devemos pensar sobre a morte, por que o amor é triste e melancólico, se Deus existe, se sim, por que existem pessoas muito ricas e outras muito pobres, coisas assim. Eu comecei a escrever esse livro em outubro de 1997. Eu procurei analisar seis filósofos que se interessaram nessas questões fundamentais – e também pensaram em respostas fascinantes. Muitas dessas respostas, a partir do que eu descobri, fizeram com que eu me reeducasse e aprendesse como viver.
Sempre associam o seu nome à onda de escritores pop, como Nick Hornby. Você se considera um escritor pop?
Eu não saberia te dizer o que é, exatamente, um escritor pop. Talvez seja um escritor que consegue alcançar muitas pessoas, de diferentes idades e classes sociais. Eu gosto da idéia de poder me comunicar com pessoas de idades variadas, mas eu não gosto do trabalho do Nick Hornby ou do Irving Welch e esses escritores. Talvez eu possa reinterpretar esse seu conceito de escritor pop. Se nós definirmos um escritor pop como sendo uma pessoa que atinge muitos, então Shakespeare e Cervantes eram escritores pop. E eles eram verdadeiramente sábios e geniais.
Geralmente rotulam como escritores pop aqueles que utilizam uma linguagem moderna, apropriando-se de elementos da música e do cinema, por exemplo, em suas narrativas. Talvez eles sejam taxados de pop por serem bem populares entre os jovens, que os idolatram como ídolos, estampando-os em pôsteres pelo quarto. Isso acontece com você, não?
(risos) Eu realmente já ouvi dizerem por aí que andam estragando paredes com fotos minhas. Mas, sinceramente, eu nunca conheci ninguém que tenha um pôster meu em seu quarto. Acredito que seja uma brincadeira sua (risos). E eu não utilizo de referências pop, eu procuro utilizar referências antigas e torná-las mais acessíveis, fáceis de serem entendidas e aplicadas no cotidiano.
Mas você não pode negar a sua popularidade, certo? Isso aumenta a pressão de fazer um bom trabalho quando começa um livro?
Definitivamente, sim. Cada novo livro é como se eu voltasse à estaca zero, voltar ao passado, sendo sempre aquele cheio de dúvidas e hesitações. É impossível para um escritor genuíno ser arrogante ao ponto de se achar genial e dono do poder de escrever um bom livro sempre que se dispuser. Escrever é muito difícil.
Quando bateu a idéia de fazer esse livro?
A idéia para um livro é sempre o resultado de pequenas idéias que vão chegando juntas. Então, existia uma primeira idéia de escrever sobre filosofia, então um monte de idéias subsequentes sobre filósofos, forma de escrever, abordagens, etc, foram chegando. Mas tudo isso estava na minha mente entre 1987 e 1997.
Existe alguma coisa de autobiográfico em seus livros?
Tem muito da minha vida nos meus livros. Meus livros são sempre autobiográficos, mesmo se eu escrever sobre Seneca ou Nietzsche, não vou deixar de ser pessoal. Eu acredito que existem maneiras de ser pessoal, com a qual o escritor não precise dizer, "hoje eu acordei e senti x". Isso é horrível. Você pode ser bem pessoal e passional escrevendo sobre Nietzsche. Eu me inspiro nos problemas, sempre que alguma coisa dá errado na minha vida, eu sempre começo a pensar e escrever.
Este foi o livro mais complicado que escreveu? Mais do que o do Proust?
Esse livro foi bem mais complicado do que o Proust, porque eu tive seis filósofos para falar. Muito mais difícil do que falar apenas de um. Esse livro quase me matou.
Quais dos filósofos abordados no livro é o seu favorito?
Particularmente eu gosto do Nietzsche – ele consegue ser extremamente complexo e diz muitas coisas em diferente tópicos.
Muito obrigado.
Eu que agradeço. E comprem meu livro no Brasil.
por Alexandre Petillo, do site Scream&Yell
*Alain de Botton é um dos meus autores favoritos,
quando estou perdida na vida é ele e Bukowski
que me salvam.
Quem estiver a fim, faço questão de emprestar os livros.
Um dos meus dois escritores brasileiros favoritos atualmente atende pelo nome de Fábio Hernandez (o outro chama-se José Roberto Torero). Hernandez assina uma imperdível coluna na última página da revista VIP, chamada "O Homem Sincero". Uma vez, ele escreveu que um sábio tio tinha lhe dito que não adianta ler muitos livros na vida, e sim se prender a apenas poucos autores, aqueles que lhe dão prazer na leitura.
Mesmo antes de ler esse conselho, já era adepto a essa atitude. Procuro me concentrar e entender alguns poucos, ao invés de vomitar conhecimento acadêmico. Um desses poucos favoritos que freqüentam a minha cabeceira está o suíço, radicado em Londres, Alain de Botton.
Alain de Botton escreveu um dos meus cinco livros favoritos em todos os tempos: "Ensaios de Amor". No livro, De Botton utiliza da matemática, da física, da química, da filosofia, da numismática e de outras ciências para analisar o cotidiano de seu namoro. E a conclusão? Nada dura eternamente. E sempre há um começo.
O escritor é uma celebridade. Não apenas no circuito intelectual, mas como um fenômeno popular. Nas paredes dos adolescentes britânicos, além de fotos de bandas de rock, freqüentemente pode se encontrar o rosto simpático do escritor. Simplesmente porque Alain de Botton, 31 anos, em seus livros, costuma sempre apresentar respostas para quase todos os problemas que afligem os corações humanos, como amor e falta de dinheiro.
Seu último livro, "As Consolações da Filosofia" (287 páginas, R$ 32), recém-lançado no Brasil pela editora Rocco, foi eleito um dos melhores livros de 2000 pela crítica inglesa e o alçou de vez à qualidade de mito, inaugurando a febre dos "cerebral celebrities", como eles dizem. De Botton foi eleito o principal escritor da Inglaterra, e o canal de TV Channel Four o convidou para apresentar uma série de programas sobre como a filosofia pode auxiliar as pessoas no dia-a-dia.
"As Consolações da Filosofia" sugere que a filosofia pode oferecer respostas para todas as mazelas humanas. A partir das idéias de seis filósofos – Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche – Alain de Botton apresenta exemplos de consolação para impopularidade, para a insuficiência de dinheiro, frustração, inadequação, coração partido e para dificuldades em geral. O escritor abusa de seus estilo bem-humorado, quase confessional, fazendo uso de capítulos curtos e lançando mão de muitas ilustrações.
O livro é dividido em seis capítulos, um para cada filósofo. No capítulo "Consolação para a impopularidade", a vida e a morte de Sócrates são apresentadas como um convite ao ceticismo racional. O autor utiliza o método socrático de raciocínio para estimular o leitor a desenvolver as suas próprias opiniões. Segundo Sócrates, em diversas ocasiões é necessário ter força para não levar a sério as opiniões alheias.
Já segundo Epicuro, a busca da felicidade pelo prazer é um alento para quem tem pouco dinheiro e muita dívidas. De acordo com o epicurismo, a felicidade é relativamente independente dos bens materiais. Em "Consolação para frustração", a vida de Sêneca é abordada, dando ênfase a sua única tese: a de que suportamos melhor as frustrações para as quais nos preparamos e somos atingidos principalmente por aquelas que menos esperamos. Segundo Sêneca, para garantir uma vida sem grandes frustrações, espere sempre por uma tragédia.
Montaigne é o responsável em confortar quem sente inadequação sexual, cultural ou intelectual. O escritor francês tinha reservas quanto à erudição livresca, questionava a racionalidade humana e defendia o diálogo franco sobre as atividades genitais. Os problemas amorosos são discutidos por Schopenhauer em "Consolação para um coração partido". O filósofo alemão garante que o amor nada mais é do que a manifestação da descoberta do pai e da mãe ideal para um prole inteligente e bonita. Segundo Schopenhauer, o consolo para a rejeição amorosa é saber que esta foi conseqüência de uma lei da natureza.
Já Nietzsche garante, em "Consolação para as dificuldades", que é impossível atingir uma vida plena sem passar por grandes períodos de dificuldade. Esse último é o favorito de de Botton. "Ele é extremamente complexo e diz muitas coisas ao mesmo tempo, em diferentes tópicos".
"As Consolações da Filosofia" é o sexto romance de Alain de Botton, todos disponíveis no Brasil. O autor estreou com o aclamado "Ensaios de Amor", em seguida vieram "O Movimento Romântico", "Nos Mínimos Detalhes" e "Como Proust Pode Mudar a Sua Vida". Nesse último, o autor mostra como o filósofo Proust pode auxiliar as pessoas em todas as situações do cotidiano. No entanto, é um livro totalmente diferente de "As Consolações...".
Além dos programas para o Channel Four, de Botton prepara um novo livro, que deve sair em junho próximo. "Até junho eu devo lançar um novo livro, acho que sai primeiro aqui na Inglaterra, na Australia e nos Estados Unidos. Deve chamar a 'A Arte de Viajar'. É uma meditação do por que nós saímos em viagem", promete Alain de Botton, por telefone, de Londres. Confira abaixo, a entrevista que o escritor deu com exclusividade ao Scream & Yell.
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Scream & Yell – Alguns críticos britânicos classificaram “As Consolações da Filosofia” como sendo um livro de auto-ajuda. Você se incomoda com esse rótulo?
Alain de Botton - Atualmente, em todo o mundo, a literatura de auto-ajuda tem uma reputação muito ruim. Existem muitos livros no mercado chamados "Como Mudar a Sua Vida em 5 Minutos", "Como Ser Feliz Para Sempre" e "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas". Muitos desses livros são mau escritos, piegas e pouco confiáveis. No entanto, eu acho que não existe nada de errado com a idéia de um livro que você possa ler e mudar a sua vida de alguma forma. Eu acho que essa é uma idéia amável e é a base dos trabalhos de muitos grandes filósofos da antigüidade, como Seneca, Epicuro, Sócrates entre outros. E no meu livro, eu tentei olhar para esse filósofos que fizeram uma espécie de literatura de auto-ajuda. Eles fizeram trabalhos destinados a ajudar as pessoas – uma idéia que hoje parece ser totalmente popular e vulgar, graças aos picaretas dos escritores de hoje. Quem sabe, talvez, com o meu livro, nós consigamos inventar uma nova categoria de literatura de auto-ajuda. Pode ser: "literatura de auto-ajuda de qualidade" (risos)
O que o levou a escrever sobre filosofia? Quando você começou a trabalhar nesse livro?
Eu sempre me interessei por filosofia, porque é a área onde as grandes questões da vida residem: qual é ponto da vida, o que devemos pensar sobre a morte, por que o amor é triste e melancólico, se Deus existe, se sim, por que existem pessoas muito ricas e outras muito pobres, coisas assim. Eu comecei a escrever esse livro em outubro de 1997. Eu procurei analisar seis filósofos que se interessaram nessas questões fundamentais – e também pensaram em respostas fascinantes. Muitas dessas respostas, a partir do que eu descobri, fizeram com que eu me reeducasse e aprendesse como viver.
Sempre associam o seu nome à onda de escritores pop, como Nick Hornby. Você se considera um escritor pop?
Eu não saberia te dizer o que é, exatamente, um escritor pop. Talvez seja um escritor que consegue alcançar muitas pessoas, de diferentes idades e classes sociais. Eu gosto da idéia de poder me comunicar com pessoas de idades variadas, mas eu não gosto do trabalho do Nick Hornby ou do Irving Welch e esses escritores. Talvez eu possa reinterpretar esse seu conceito de escritor pop. Se nós definirmos um escritor pop como sendo uma pessoa que atinge muitos, então Shakespeare e Cervantes eram escritores pop. E eles eram verdadeiramente sábios e geniais.
Geralmente rotulam como escritores pop aqueles que utilizam uma linguagem moderna, apropriando-se de elementos da música e do cinema, por exemplo, em suas narrativas. Talvez eles sejam taxados de pop por serem bem populares entre os jovens, que os idolatram como ídolos, estampando-os em pôsteres pelo quarto. Isso acontece com você, não?
(risos) Eu realmente já ouvi dizerem por aí que andam estragando paredes com fotos minhas. Mas, sinceramente, eu nunca conheci ninguém que tenha um pôster meu em seu quarto. Acredito que seja uma brincadeira sua (risos). E eu não utilizo de referências pop, eu procuro utilizar referências antigas e torná-las mais acessíveis, fáceis de serem entendidas e aplicadas no cotidiano.
Mas você não pode negar a sua popularidade, certo? Isso aumenta a pressão de fazer um bom trabalho quando começa um livro?
Definitivamente, sim. Cada novo livro é como se eu voltasse à estaca zero, voltar ao passado, sendo sempre aquele cheio de dúvidas e hesitações. É impossível para um escritor genuíno ser arrogante ao ponto de se achar genial e dono do poder de escrever um bom livro sempre que se dispuser. Escrever é muito difícil.
Quando bateu a idéia de fazer esse livro?
A idéia para um livro é sempre o resultado de pequenas idéias que vão chegando juntas. Então, existia uma primeira idéia de escrever sobre filosofia, então um monte de idéias subsequentes sobre filósofos, forma de escrever, abordagens, etc, foram chegando. Mas tudo isso estava na minha mente entre 1987 e 1997.
Existe alguma coisa de autobiográfico em seus livros?
Tem muito da minha vida nos meus livros. Meus livros são sempre autobiográficos, mesmo se eu escrever sobre Seneca ou Nietzsche, não vou deixar de ser pessoal. Eu acredito que existem maneiras de ser pessoal, com a qual o escritor não precise dizer, "hoje eu acordei e senti x". Isso é horrível. Você pode ser bem pessoal e passional escrevendo sobre Nietzsche. Eu me inspiro nos problemas, sempre que alguma coisa dá errado na minha vida, eu sempre começo a pensar e escrever.
Este foi o livro mais complicado que escreveu? Mais do que o do Proust?
Esse livro foi bem mais complicado do que o Proust, porque eu tive seis filósofos para falar. Muito mais difícil do que falar apenas de um. Esse livro quase me matou.
Quais dos filósofos abordados no livro é o seu favorito?
Particularmente eu gosto do Nietzsche – ele consegue ser extremamente complexo e diz muitas coisas em diferente tópicos.
Muito obrigado.
Eu que agradeço. E comprem meu livro no Brasil.
por Alexandre Petillo, do site Scream&Yell
*Alain de Botton é um dos meus autores favoritos,
quando estou perdida na vida é ele e Bukowski
que me salvam.
Quem estiver a fim, faço questão de emprestar os livros.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Homem-pipoca / Homem-milho
Danusa tem uma ótima frase:
- Mulheres: afastem-se dos homens-milhos. Procurem os homens-pipocas.
O homem que ainda não virou pipoca, dependendo da idade e do caso, não vira mais.
O tempo de estourar é até os 30 anos. Passou disso, não vale a pena ficar esperando ou tentando fazer do homem-milho um homem-pipoca.
Homem-milho é aquele que ainda não se encontrou, não sabe o que quer, não consegue se decidir, não toma atitudes, não está a caminho de se dar bem na vida, é volúvel.
Já o homem-pipoca é aquele que sabe o que quer, não tem medo de você, te trata com carinho e respeito e não faz você esperar uma ligação e muito menos chorar.
Só se for de prazer ou de felicidade.
Enfim, pior que um homem-milho, só um homem-milho que já foi esquentado na panela várias vezes, teve diversas chances e continua fazendo merda e não consegue estourar.
Caso perdido.
*certa feita (como diz Dôra) em uma entrevista de trabalho, tive que escrever um texto de 20 linhas e saiu essa conversa com Danusa. Será que foi por isso que não fui selecionada? Rsrsrs
- Mulheres: afastem-se dos homens-milhos. Procurem os homens-pipocas.
O homem que ainda não virou pipoca, dependendo da idade e do caso, não vira mais.
O tempo de estourar é até os 30 anos. Passou disso, não vale a pena ficar esperando ou tentando fazer do homem-milho um homem-pipoca.
Homem-milho é aquele que ainda não se encontrou, não sabe o que quer, não consegue se decidir, não toma atitudes, não está a caminho de se dar bem na vida, é volúvel.
Já o homem-pipoca é aquele que sabe o que quer, não tem medo de você, te trata com carinho e respeito e não faz você esperar uma ligação e muito menos chorar.
Só se for de prazer ou de felicidade.
Enfim, pior que um homem-milho, só um homem-milho que já foi esquentado na panela várias vezes, teve diversas chances e continua fazendo merda e não consegue estourar.
Caso perdido.
*certa feita (como diz Dôra) em uma entrevista de trabalho, tive que escrever um texto de 20 linhas e saiu essa conversa com Danusa. Será que foi por isso que não fui selecionada? Rsrsrs
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Quero ser Peggy Guggenheim
Não tenho talento pra fazer porra nenhuma. Parece triste, mas não é. Explico.
Passei a vida toda atormentada pelo fato de ver meus amigos mais próximos, grandes artistas, escritores, intelectuais, médicos, engenheiros, advogados se darem bem na vida e eu lá, apagadinha, desmilinguida, sem nenhuma grande obra para oferecer ao mundo.
Na verdade, desde criança, sofro com a pressão de ser uma menina inteligente. Fiz dois testes QI na vida. Um deu 146, outro, 154. Não chega a ser um QI excepcional, de gênio, mas é alto, bem alto. O suficiente para justificar um cargo desses de diretor de multinacional, astronauta, diplomata, decodificador do genoma de um desses bichos irrelevantes, como uma ovelha, por exemplo. Mas para quê, meu deus? Pra que fazer isso?
Por alguma infeliz fatalidade do destino, descobri que gosto de gente. De gente! Que coisa mais prosaica! Por que eu não quis ser uma economista ganhadora do Nobel? Teria sido mais fácil.
Acho que meu QI na verdade é uma espécie de inteligência da lógica, é bastante restrito a isso, na verdade. Consigo achar lógica e sistematizar quase qualquer coisa. Seria ótimo se eu fosse um broquer em Wall Street. Eu provavelmente estaria rica a uma altura dessas, mas não... A minha grande inteligência não me impediu de ser burra o suficiente para gostar de gente. O que, logicamente me leva a seguinte duvida: isso me serve para alguma coisa, já que adoro um treco que não tem lógica nenhuma?
Na verdade, minha inteligência suprema me fez filosofar profundamente na natureza humana, e a minha grande conclusão para o mundo é de que: homens e mulheres são coisas diferentes. Mulher é feminina, delicada e romântica. Muito romântica. Homens são seres fortes, bonitos e viris, e se puderem vir com aquele queixo quadrado talhado a machado à lá Brad Pitt, melhor ainda. Mais do que isso, homens são os provedores, apaixonados, trabalhadores que deveriam matar-se em guerras para defender o bem estar de suas mulheres.
Dito isso, pela lógica, o que sobrou de interessante para nós - mulherzinhas - fazermos nesta vida é ser musa de grandes homens. Nada de musas mequetrefes, daquelas de inspiram o tio da quitanda a dar um tiro no entregador de berinjelas que olhou para bunda de sua amada. Ah não, isso não! Legal é ser assim uma Gala da vida. Ser musa de um Dali. Ser enterrada num Dior vermelho, e ser levada até a cova pelo grande pintor em pessoa. Aliás, ele mesmo terá que dirigir o Mecedez até o castelo enquanto a musa está lá, de vermelho, sentada no banco de trás, linda para ele, ainda que seca, dura, fria e mortinha da silva. Bom é ser Lou Salome, e ver Rilke e Nietzche saírem na porrada por sua causa. Ver aquele bigodão do grande pensador abraçado a uma cabeça de cavalo, louco de amor. E Lois Lane? Que romântico! Super Homem salva o mundo de dia e volta correndo para casa a noite para esquentar seus delicados pezinhos. Que beleza!
Musa não precisa fazer nada! Musa é musa! Musa é a razão de ser dos grandes homens. Se você acha que é um grande homem e não tem uma musa... Iiiiii, não sei não, filho. Falta o motivo natural para as coisas. Falta uma mulher! Uma mulher, rapaz!, é o que faz os grandes homens construir as grandes obras do mundo.
Musa é o que nós mulheres queremos ser nesses tempos pós-feministas. O grande tiro que saiu pela culatra. Até a Camille Paglia acha isso, sabia? Deu tudo errado.Quisemos inverter os papéis e não deu certo. Nós ficamos sem as grandes obras dedicadas a nós, e eles ficaram sem o porque das coisas. Ou viraram metrosexuais.
Bah! Metrosexuais. Coisa de viadinho. Homem é homem, porra. Homem não pinta a unha! Não passa mais tempo no banheiro do que sua musa! Não faz por si, faz por ela! E não me venham com esse papo furado daquela Victória Beckham. Ela não é musa. O marido, como Narciso, ainda morre afogado. E, além do mais, musa nunca se fode. Victória tomou um corno da modelo gostosona da Espanha e ainda por cima foi à imprensa defender o marido. Ou o bolso, ou sei lá o que, mas isso não é coisa de musa. Musa que é musa ou bateria no desgraçado com o rolo de macarrão até que ele se desse conta de que ela é a razão do seu viver ou iria simplesmente embora. E deixaria ele morrer afogado em suas próprias lágrimas, sentindo a cagada que fez. Se bem que musa não se fode. Nunca! Musa é musa e pronto. Nada de concessões.
Então... queremos ser todas musas mesmo.
Mas, e o QI? O que fazer com esse maldito? A gente pensa também... Queremos algumas coisinhas a mais da vida que um homem muito viril, apaixonado e talentoso não pode nos dar. Variedade, por exemplo. Homem apaixonado demais cansa. É chato. Ser musa também é difícil. Exige um estado de abnegação incrível. Ficar a vida inteira a inspirar aquele idiota babão dá um trabalho desgraçado.
Acho que a nós, menininhas, resta somente uma grande musa: Peggy Guggenheim. Ela é minha musa.
Por que? Você veja bem: ela não era para ser nada além de um herdeirazinha insignificante e feiosa. Coitada. Sem talentos. Sem prendas. Sem amigos. Uma nada. Pobre menina rica. Mas ela descobriu que fazer, fazer mesmo, não sabia fazer nada. Mas tinha bom gosto. Tinha dinheiro. Não se entristeceu para sempre com a perda dos pais. Aproveitou a súbita liberdade, o que valia ouro naquela época, e foi passear pelo Soho, MontMartre, pelo Bairro Alto de Lisboa, o Guinza em Tóquio, todos esses lugares descolados onde os artistas, falidos ou não, circulam.
E com toda a sua grana, foi seduzindo rapazes telentosos, que ela reconhecia com seu precioso faro, e foi ajudando os meninos comprando deles por assombrosos quinhentos dollares as pinturas, e recolocando-os no mercado mais tarde por dois milhões de dollares. Um puta negócio! Afinal, crianças, não esqueçam: a moça era judia. Seria uma desfeita não ter ao menos o talento de fazer bons negócios.
Peggy montou a maior fundação cultural do mundo. Peggy quinquiplicou a fortuna herdada. Peggy criou a rede de museus mais cool do mundo. Peggy descobriu sozinha metade dos artistas plásticos pós-modernos. Peggy comeu todo mundo. Fez o que quis. Deu vazão ao seu talento para as artes, para os negócios e para o sexo. E divertiu-se pra caralho e mais que todo mundo. Sem, teoricamente, fazer nada. Sem um trabalho, sem uma carreira, foi tudo meio sem querer, como as musas.
Acho que não quero ser musa. Quero ser Peggy Guggenheim.
Michelle Martins Pinto.
Minha amiga, companheira de insônias e conversas infinitas.
Passei a vida toda atormentada pelo fato de ver meus amigos mais próximos, grandes artistas, escritores, intelectuais, médicos, engenheiros, advogados se darem bem na vida e eu lá, apagadinha, desmilinguida, sem nenhuma grande obra para oferecer ao mundo.
Na verdade, desde criança, sofro com a pressão de ser uma menina inteligente. Fiz dois testes QI na vida. Um deu 146, outro, 154. Não chega a ser um QI excepcional, de gênio, mas é alto, bem alto. O suficiente para justificar um cargo desses de diretor de multinacional, astronauta, diplomata, decodificador do genoma de um desses bichos irrelevantes, como uma ovelha, por exemplo. Mas para quê, meu deus? Pra que fazer isso?
Por alguma infeliz fatalidade do destino, descobri que gosto de gente. De gente! Que coisa mais prosaica! Por que eu não quis ser uma economista ganhadora do Nobel? Teria sido mais fácil.
Acho que meu QI na verdade é uma espécie de inteligência da lógica, é bastante restrito a isso, na verdade. Consigo achar lógica e sistematizar quase qualquer coisa. Seria ótimo se eu fosse um broquer em Wall Street. Eu provavelmente estaria rica a uma altura dessas, mas não... A minha grande inteligência não me impediu de ser burra o suficiente para gostar de gente. O que, logicamente me leva a seguinte duvida: isso me serve para alguma coisa, já que adoro um treco que não tem lógica nenhuma?
Na verdade, minha inteligência suprema me fez filosofar profundamente na natureza humana, e a minha grande conclusão para o mundo é de que: homens e mulheres são coisas diferentes. Mulher é feminina, delicada e romântica. Muito romântica. Homens são seres fortes, bonitos e viris, e se puderem vir com aquele queixo quadrado talhado a machado à lá Brad Pitt, melhor ainda. Mais do que isso, homens são os provedores, apaixonados, trabalhadores que deveriam matar-se em guerras para defender o bem estar de suas mulheres.
Dito isso, pela lógica, o que sobrou de interessante para nós - mulherzinhas - fazermos nesta vida é ser musa de grandes homens. Nada de musas mequetrefes, daquelas de inspiram o tio da quitanda a dar um tiro no entregador de berinjelas que olhou para bunda de sua amada. Ah não, isso não! Legal é ser assim uma Gala da vida. Ser musa de um Dali. Ser enterrada num Dior vermelho, e ser levada até a cova pelo grande pintor em pessoa. Aliás, ele mesmo terá que dirigir o Mecedez até o castelo enquanto a musa está lá, de vermelho, sentada no banco de trás, linda para ele, ainda que seca, dura, fria e mortinha da silva. Bom é ser Lou Salome, e ver Rilke e Nietzche saírem na porrada por sua causa. Ver aquele bigodão do grande pensador abraçado a uma cabeça de cavalo, louco de amor. E Lois Lane? Que romântico! Super Homem salva o mundo de dia e volta correndo para casa a noite para esquentar seus delicados pezinhos. Que beleza!
Musa não precisa fazer nada! Musa é musa! Musa é a razão de ser dos grandes homens. Se você acha que é um grande homem e não tem uma musa... Iiiiii, não sei não, filho. Falta o motivo natural para as coisas. Falta uma mulher! Uma mulher, rapaz!, é o que faz os grandes homens construir as grandes obras do mundo.
Musa é o que nós mulheres queremos ser nesses tempos pós-feministas. O grande tiro que saiu pela culatra. Até a Camille Paglia acha isso, sabia? Deu tudo errado.Quisemos inverter os papéis e não deu certo. Nós ficamos sem as grandes obras dedicadas a nós, e eles ficaram sem o porque das coisas. Ou viraram metrosexuais.
Bah! Metrosexuais. Coisa de viadinho. Homem é homem, porra. Homem não pinta a unha! Não passa mais tempo no banheiro do que sua musa! Não faz por si, faz por ela! E não me venham com esse papo furado daquela Victória Beckham. Ela não é musa. O marido, como Narciso, ainda morre afogado. E, além do mais, musa nunca se fode. Victória tomou um corno da modelo gostosona da Espanha e ainda por cima foi à imprensa defender o marido. Ou o bolso, ou sei lá o que, mas isso não é coisa de musa. Musa que é musa ou bateria no desgraçado com o rolo de macarrão até que ele se desse conta de que ela é a razão do seu viver ou iria simplesmente embora. E deixaria ele morrer afogado em suas próprias lágrimas, sentindo a cagada que fez. Se bem que musa não se fode. Nunca! Musa é musa e pronto. Nada de concessões.
Então... queremos ser todas musas mesmo.
Mas, e o QI? O que fazer com esse maldito? A gente pensa também... Queremos algumas coisinhas a mais da vida que um homem muito viril, apaixonado e talentoso não pode nos dar. Variedade, por exemplo. Homem apaixonado demais cansa. É chato. Ser musa também é difícil. Exige um estado de abnegação incrível. Ficar a vida inteira a inspirar aquele idiota babão dá um trabalho desgraçado.
Acho que a nós, menininhas, resta somente uma grande musa: Peggy Guggenheim. Ela é minha musa.
Por que? Você veja bem: ela não era para ser nada além de um herdeirazinha insignificante e feiosa. Coitada. Sem talentos. Sem prendas. Sem amigos. Uma nada. Pobre menina rica. Mas ela descobriu que fazer, fazer mesmo, não sabia fazer nada. Mas tinha bom gosto. Tinha dinheiro. Não se entristeceu para sempre com a perda dos pais. Aproveitou a súbita liberdade, o que valia ouro naquela época, e foi passear pelo Soho, MontMartre, pelo Bairro Alto de Lisboa, o Guinza em Tóquio, todos esses lugares descolados onde os artistas, falidos ou não, circulam.
E com toda a sua grana, foi seduzindo rapazes telentosos, que ela reconhecia com seu precioso faro, e foi ajudando os meninos comprando deles por assombrosos quinhentos dollares as pinturas, e recolocando-os no mercado mais tarde por dois milhões de dollares. Um puta negócio! Afinal, crianças, não esqueçam: a moça era judia. Seria uma desfeita não ter ao menos o talento de fazer bons negócios.
Peggy montou a maior fundação cultural do mundo. Peggy quinquiplicou a fortuna herdada. Peggy criou a rede de museus mais cool do mundo. Peggy descobriu sozinha metade dos artistas plásticos pós-modernos. Peggy comeu todo mundo. Fez o que quis. Deu vazão ao seu talento para as artes, para os negócios e para o sexo. E divertiu-se pra caralho e mais que todo mundo. Sem, teoricamente, fazer nada. Sem um trabalho, sem uma carreira, foi tudo meio sem querer, como as musas.
Acho que não quero ser musa. Quero ser Peggy Guggenheim.
Michelle Martins Pinto.
Minha amiga, companheira de insônias e conversas infinitas.
Adeus Bahia


Dôra me contou que Salvador tem a segunda luz natural mais bela do mundo.
É verdade. A primeira é na Grécia. Prefiro Salvador.
Vou sentir muita falta desse lugar, dos meus amigos queridos Dani e Ale, do pequeno Vinicius que ainda nem nasceu e dos novos amigos que encontrei por aqui: Cassi, Thiago, Jade, Rafael, Dôra, Du e Cris.
Todas essas pessoas me receberam muito bem, com coração aberto e muito carinho.
A hospitalidade baiana é muito maior que imaginei.
Nunca irei esquecer dessas férias e das pessoas especiais que encontrei por aqui.
Vou embora triste: fim de férias, voltar pra realidade: frio, trabalho, obrigações.
Foram tantas descobertas e trocas.
Dôra com sua luz e força criadora. Uma mulher talentosa e admirável. Seu amor pela arte contamina.
Rafael: a sua pizza é mesmo maravilhosa. Obrigada pelas corridas de carro pela Orla, Paralela ao som de Piazola.
Eduardo: obrigada pela viagem a Boieba e Stela Mares, suas fotos e por me escutar.
Jade: Ai, Jade. Que coisa liiiiiiiiinnnnnnda (escuto Dôra falar). Tão linda!
O amor de Rafael e Jade me fez lembrar meu primeiro amor. E mais importante: faz acreditar que isso exista em algum lugar pra mim também.
O pai de Dôra, seu Artur (sem h), que divide comigo a mesma sensibilidade em relação a causa Palestina. FREE PALESTINA.
Cris: Adoro seu jeito maroto e sensual. Torço por você.
Espero que Dona Jacira esteja certa pra todos nós. Hehehehehe
Quantas conversas com Dona Terezinha, Dôra, Jade e Cris na cozinha tomando café e comendo a comida de mãínha.
Três gerações dividindo expectativas, dores e muita história.
Muito obrigada pela força e carinho.
Espero mesmo rever todos vocês em breve,
aqui na minha casa em setembro.
Muitos beijos.
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