Muito bom fugir do frio da minha cidade e
passar um domingo na praia com minha amiga
Katxere. Passaram-se cinco longos anos sem que nos
encontrassemos nenhuma vez.
Essa vida passa ligeira e nem nos damos conta quanto tempo
passamos sem ver pessoas queridas que a distância afasta.
Muita história para contar.
Leo, o marido de Kat, ficou assustado com
o quanto falamos. Não parávamos mais de tagarelar e rir.
Rir da gente, não há nada melhor.
Na casa de Kat, que é paulista, encontro três gaúchos.
Eles realmente vão dominar o mundo.
Em Salvador tomei mais chimarrão que
àgua de coco. E no Rio, pasme: chimarrão de novo!
Chegando em Curitiba vou ter que comprar uma cuia e uma bomba.
Viciei.
Olha, entre gaúchos e paulistas a briga é boa.
Gaúchos são lindos, charmosos, inteligentes,
interessantes e mais discretos.
Paulistanos são mais assanhados e folgados de um jeito fofo.
Sem cerimônia eles ganham nosso coração.
Conheci vários gaúchos em Salvador e um em especial no meu último dia na minha festinha de despedida no Coco Bahia. Levei ele na Borracharia, um lugar que durante a semana é uma borracharia de verdade e apenas na sexta-feira à noite é uma danceteria.
O lugar é muito legal, a música é eclética demais para o meu gosto, mas o gaúcho ficou encantado. Ele havia morado algum tempo em Salvador e disse que nunca na vida tinha ouvido roque por lá.
As últimas vezes que estive no Rio,
foi pra visitar o Jones, a Bienal do Livro, a Biblioteca
Nacional e todas as livrarias e sebos que existem na cidade.
A melhor delas sem dúvidas é a Leonardo Da Vinci.
e o melhor sebo, disparado O Figaro.
Dessa vez não entrei em nenhuma livraria - confesso que
fiquei muito tentada, até nervosa, mas me controlei –
fui até lá com objetivos fúteis:
torrar minha grana e o cartão de crédito em roupas.
Senti-me a própria personagem do filme Uma Linda Mulher.
Ai que delícia! Sacolas, sacolas e cheques voadores a se perder de vista.
Tudo isso para comemorar o novo ciclo que se inicia em minha vida:
pedi demissão na sexta-feira. Seis anos de Livrarias e minha identidade
já se misturava com esse trabalho. Hoje em dia o nosso sobrenome é a empresa que trabalhamos. Somos o que fazemos e não o que somos. Bizarro, mas é fato.
Mudanças são bem-vindas. Ar fresco. Recomeço.
E para comemorar é muito bom encontrar velhos amigos.
Kat morou comigo em Londres. Em 1999.
Ela sempre me dá sorte. No dia que a conheci, encontrei também Rodrigo,
que foi o meu melhor namorado.
Em 2001, Kat veio me visitar em Curitiba. Nesse mesmo dia, tinha um encontro com o Jangada. Levei ela junto. Ai, vai comigo que eu estou com medo. O cara é um gato, mas é muito, muito grande. Até hoje me pergunto como ele entrava no meu fusca.
Uns quinze dias antes, eu estava esperando o Nelson Mota na charutaria do Hotel Bourbon. Escondida atrás de uma pilha de livros que peguei emprestado na Biblioteca Pública que fica na frente do hotel.
Ao meu lado o jornalista da Revista Top Magazine entrevistava um cara que era empresário de um lutador de boxe chamado Jangada.
- Esse lutador é muito diferente. Ele já venceu todas as lutas que participou até hoje, todas por nocaute. Ele é sofisticadíssimo, é branco, joga golfe, adora Platão, livros e charutos. Falava todo orgulhoso.
Eu não agüentei e soltei essa por trás da pilha: - só falta ser gay.
- Não, não sou.
Uma voz forte responde.
Ai, não acredito que ele ouviu o meu comentário infame. Ainda bem que estou protegida por esses livros...
Ele senta na minha frente e com aquela mão enorme pega a pilha de livros e começa a comentar um a um. Eu surjo vermelha, estava mortinha de vergonha por ter aberto a boca. Não sou dessas que costuma fazer piadinhas e interromper a conversa dos outros. Sei lá o que me deu.
E no dia que Kat aparece, recebo o seguinte telefonema:
- Oi, Cinthia, aqui é o Jangada. Tudo bom?
Oi, como você conseguiu meu número? Eu pedi pro dono da livrarias, o Augusto.
Fiquei imaginando o Augusto se empenhando pra conseguir meu telefone celular.
Eu não te liguei antes porque passei uns três dias no hospital depois da minha última luta. Fiquei com medo de te assustar, estava com a cara deformada, inchada e roxa. Ave, me deu uns quinze tipos de medo, fiquei imaginando o pobre do outro cara como ficou.
Combinamos de tomar um café e a Kat foi junto.
Ela o adorou, um gato, enorme.
Um dia ele me liga: amor, vou ter que sumir por uns tempos, você não quer ficar comigo no Rio?
O que foi que houve? Eu quebrei na porrada um jogador do Inter dentro do avião.
Ai, meu Deus. Porque você fez isso?
Eu estava na minha, ele me provocando e eu quieto. Juro. Ai ele pegou na minha careca, você sabe como eu odeio que peguem na minha careca, né?. Eu não aguento.
Ah, mas eu adoro pegar na sua careca, dar beijinhos...
Ahh, você pode. Mas macho, nem pensar. Ainda mais um jogador do Inter...
Ficamos lembrando dessas e outras histórias, o começo, o fim, as dela também, as novas que eu não sabia, as de nossos amigos.
Muito bom trocar lembranças com pessoas que fizeram parte delas, mais divertido do
que contar para quem não participou.
Kat, espero não ficar tanto tempo sem vê-la e que venham mais e mais histórias para gente rir juntas.
Para quem quiser conferir o blog dela:
http://katxere-medina.blogspot.com/
4 comentários:
Realmente, a vida é feita de encontros e desencontros!
O bom é quando a gente encontra pessoas queridas e que fazem falta e desencontra o frio e a chatice de Curitiba!
Amore, eu adorei tudo...nosso encontro...a praia...as risadas!
Foi uma correria né? Espero que o próximo encontro seja bem...bem mais longo!
Seu blog já está nos meus favoritos. Que fotos Lindas! Uma atmosfera de luz! Luz que iluminará a nova fase!
Viva as mudanças! viva a amizade! Viva a vida! Te adoro!
adorei
dei muita risada com esse e outros posts
bjao
Parafraseando o seu Blog, teria vc assistido ao filme "BICICLETAS DE PEQUIM" superpremiada produção chinesa, com jovens atores e inspirado no preto e branco de VITÓRIO De SICA, do pós II Guerra, "LADRÕES DE BICLETAS"? TOCANTE HISTORIA DE UM JOVEM DO INTERIOR DA CHINA QUE ARRANJA UM EMPREGO DE ENTRAGADOR DE MENSAGENS E TEM SUA magrela Mount Bike roubada e, entre milhões de outras em Pequim consegue encontrá-la. vale a pena ver.
Artur, pai de Dôra.
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