segunda-feira, 30 de julho de 2007

Segunda-feira Cinza - Adeus Bergman :(

Morre o diretor sueco Ingmar Bergman
Um dos maiores cineastas do século 20, Bergman, 89 anos, dirigiu mais de 40 filmes.
'Morangos silvestres', 'Cenas de um casamento' e 'O sétimo selo' estão entre seus longas.

Reuters

Sua morte foi "tranqüila e suave", segundo disse Eva Bergman à agência de notícias sueca "TT", que não informou nem a causa nem o momento exato do falecimento. O cineasta estava em sua casa, na ilha sueca de Faaro.

Bergman foi um dos fundadores da Academia Européia de Cinema, em 1988, e durante sua carreira, foi indicado ao Oscar nove vezes. Ele venceu a estatueta de melhor filme estrangeiro três vezes. O diretor sueco também foi premiado diversas vezes nos Festivais de Berlim e Cannes.

Trajetória
O diretor sueco começou sua carreira nos anos 1950 e dirigiu mais de 40 filmes, entre eles “Persona”, "Gritos e sussuros" e "Fanny e Alexander", que o elevaram ao status de um dos mestres do cinema moderno.

Nascido no dia 14 de julho de 1918 em Uppsala, ao norte de Estocolmo, Ingmar Bergman foi casado cinco vezes, teve nove filhos e sua vida privada o levou a ser alvo da atenção pública em vários momentos.

Bergman teve casamentos com mulheres belas e talentosas, além de várias relações amorosas com suas atrizes principais, dentre elas, Liv Ullman, com quem teve uma filha, Linn Ullman.

Ullman estrelou dez de seus filmes, entre eles "Cenas de um casamento" (1973), que explora os conflitos sexuais e psicológicos de um casal em crise.

30 anos depois, já separados, Bergman e a atriz voltaram a trabalhar juntos em "Saraband", que mostra a relação dos protagonistas de "Cenas" num outro momento, na terceira idade. "Saraband" foi o último filme de Bergman.

Ingmar Bergman exorcizou sua infância traumática por meio de obras-primas do cinema que exploraram a ansiedade sexual, a solidão e a busca por um sentido na vida.

A morte era um dos temas preferidos do diretor e estava presente em muitas de suas obras, como "Sétimo selo", em que um cavaleiro encontra a morte em pessoa e disputa com ela uma partida de xadrez que pode decidir seu destino. No longa, o cavaleiro é interpretada por Max von Sydow, um dos atores favoritos do diretor, com quem trabalhou em 13 filmes.

Em "Morangos silvestres", a morte também está presente. Aqui, um artista na terceira idade faz uma viagem para receber uma homenagem e aproveita o caminho para relembrar momentos e se despedir da vida.

Herança artística

O carinho que Bergman dedicava à morte e ao sexo como temas fizeram do diretor o maior ídolo do cineasta americano Woody Allen. Diversos filmes de Allen, tais como "Noivo nervoso, noiva neurótica", "A Última Noite de Boris Grushenko"
e "Memórias" fazem referência a filmes de Ingmar Bergman.

Numa homenagem feita a Bergman no 70º aniversário deste, Allen disse: "Sobretudo há Ingmar Bergman, que, tudo considerado, é provavelmente o maior artista do cinema desde a invenção da câmera cinematográfica".


Infância difícil
O pai de Ingmar Bergman, um pastor luterano que tornou-se capelão do rei da Suécia, costumava humilhar e surrar o filho, uma criança doente.

Bergman falou várias vezes do amor profundo que nutria por sua mãe, de seu hábito de refugiar-se em fantasias e de seu gosto pelo macabro.

Críticos atribuem os temas de repressão, culpa e castigo, constantes em sua obra, à educação rígida que o diretor teve em sua infância.

Em entrevista rara concedida em 2001, Bergman disse que durante toda sua vida ele foi atormentado e inspirado por demônios pessoais. "Os demônios são inúmeros, aparecem nos momentos mais impróprios e geram pânico e terror", disse ele na época. "Mas já aprendi que, se consigo controlar as forças negativas e atrelá-las a minha carruagem, elas podem trabalhar em meu benefício."

Nunca o vínculo autobiográfico ficou mais claro que em "Fanny e Alexander", que Bergman afirmou ser sua obra-prima como cineasta. Produzido em duas versões, de três e de cinco horas, o filme recebeu quatro Oscar em 1984, um deles de melhor filme em língua estrangeira.

"Fanny e Alexandre" é um panorama detalhado de uma família de classe alta de Uppsala nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial. O garoto Alexander, 10 anos, e sua irmã Fanny, 8, são mental e fisicamente abusados por seu padrasto, o bispo local, inspirado no pai de Bergman.

O tímido e fraco Alexandre usa poderes sobrenaturais para vingar-se de seu padrasto de maneira sinistra. Em seus últimos anos de vida, Bergman dedicou-se ao trabalho de palco no Real Teatro Dramático de Estocolmo, demonstrando preferência por obras teatrais clássicas.



Reconhecimento internacional
O reconhecimento internacional pleno chegou para ele com "Sétimo selo", de 1956, ambientado na Idade Média em tempo de peste negra e mostrando um cruzado à procura de Deus e do sentido da vida que joga xadrez com a morte. O filme recebeu o prêmio do júri do Festival de Cannes em 1957.

Nos dez anos seguintes Bergman criou "Morangos silvestres", "O silêncio" (que incluiu uma cena sexual forte que provocou um choque com a censura sueca), "A fonte da donzela" e "Através de um espelho." Os dois últimos receberam o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

Em janeiro de 1976 ele foi preso durante um ensaio do Real Teatro Dramático por policiais à paisana, que o levaram para ser interrogado sobre suposta sonegação de impostos.

Ele não chegou a ser formalmente acusado, mas a humilhação que sentiu o levou a sofrer um colapso nervoso. Condenando publicamente à burocracia sueca, ele deixou seu país para viver um longo exílio artístico em Munique.

Em 1984, Bergman retornou ao Real Teatro Dramático com uma versão aclamada de "Rei Lear." No ano seguinte ele pôs fim a seu exílio auto-imposto e passou a produzir uma seqüência de obras clássicas no teatro nacional.
orreu hoje, dia trinta de julho, aos 89 anos o diretor suéco Ingrimar Bergman.


*Fiquei muito triste com a notícia, mas ele já estava bem velhinho e deixou um legado maravilhoso para a gente. Obrigada, Bergman!

*Hoje é meu último dia na Livrarias Curitiba, dia de despedida, seis anos guardados em um CD e uma caixa de papelão. E vamos em frente...
Sinto que viro uma página na minha vida e que tudo será novo a partir de agora.
Hoje também é aniversário da Renata: parabéns para ela.

Boa semana para todos!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Sexo X Sapatos

As mulheres gostam muito menos de sexo do que os homens.
Um psicólogo sérvio disse que se as mulheres gostassem tanto de sexo quanto os homens, não teríamos saído das cavernas.
Hum, faz sentido.

Uma operadora gigante de cartões de crédito americana fez uma pesquisa recentemente, onde mais de 73% das mulheres responderam que passariam mais de um ano sem fazer sexo para no final receber um guarda-roupas completo com sapatos, casacos, roupas etc. Pesquisa sempre é complicado, as pessoas falam uma coisa e agem de outra forma. Poucas pessoas admitem que não gostam de tomar banho, escovar os dentes, ler ou que já dirigiram embriagados. Sempre existem desvios, ou seja, dá pra dizer que uns 80% de mulheres preferem roupas a sexo. Pergunta para um homem o que ele acha?
Eu perguntei: ele vai dizer que prefere tudo (você) sem roupas. :)

Bom, uma coisa eu sei, não gosto tanto de sapatos assim... hahahahaha.

Hoje chegou meu guarda-roupas novinho e quando os caras terminaram de montá-lo, caí no berrero. Toca o telefone e a Caren: - Por acaso você estava chorando?
Eu: - Claro que não (com voz embargada).

Sei lá, entupi o guarda-roupas de roupas e sapatos novos de executiva e passei minhas roupinhas pretas, pós-punk, punk, minúsculas e semi-nuas para o guarda-roupas, comprado no antioquário da Rua Riachuelo, no quarto ao lado.

Nova fase precisa de roupas mais sérias.
:)

domingo, 22 de julho de 2007

Micophone

Cantando: "Perigo" da Zizi Possi.
Pagando mico com a Manu.
Muito legal! Todos os domingos
no Era só o que faltava.



Postagem número 101

Recebi a frase abaixo de um novo amigo que conheci no Orkut:
Michel, O Pensador.


"Nunca foi a altura, nem o peso, nem os músculos que fazem uma pessoa grande.
Sempre foi e sempre será a sua sensibilidade e a sua capacidade de amar"


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segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Rio de Janeiro continua lindo...

E a Katxerê mais ainda...

Muito bom fugir do frio da minha cidade e
passar um domingo na praia com minha amiga
Katxere. Passaram-se cinco longos anos sem que nos
encontrassemos nenhuma vez.
Essa vida passa ligeira e nem nos damos conta quanto tempo
passamos sem ver pessoas queridas que a distância afasta.
Muita história para contar.
Leo, o marido de Kat, ficou assustado com
o quanto falamos. Não parávamos mais de tagarelar e rir.
Rir da gente, não há nada melhor.

Na casa de Kat, que é paulista, encontro três gaúchos.
Eles realmente vão dominar o mundo.
Em Salvador tomei mais chimarrão que
àgua de coco. E no Rio, pasme: chimarrão de novo!
Chegando em Curitiba vou ter que comprar uma cuia e uma bomba.
Viciei.
Olha, entre gaúchos e paulistas a briga é boa.
Gaúchos são lindos, charmosos, inteligentes,
interessantes e mais discretos.
Paulistanos são mais assanhados e folgados de um jeito fofo.
Sem cerimônia eles ganham nosso coração.

Conheci vários gaúchos em Salvador e um em especial no meu último dia na minha festinha de despedida no Coco Bahia. Levei ele na Borracharia, um lugar que durante a semana é uma borracharia de verdade e apenas na sexta-feira à noite é uma danceteria.
O lugar é muito legal, a música é eclética demais para o meu gosto, mas o gaúcho ficou encantado. Ele havia morado algum tempo em Salvador e disse que nunca na vida tinha ouvido roque por lá.

As últimas vezes que estive no Rio,
foi pra visitar o Jones, a Bienal do Livro, a Biblioteca
Nacional e todas as livrarias e sebos que existem na cidade.
A melhor delas sem dúvidas é a Leonardo Da Vinci.
e o melhor sebo, disparado O Figaro.
Dessa vez não entrei em nenhuma livraria - confesso que
fiquei muito tentada, até nervosa, mas me controlei –
fui até lá com objetivos fúteis:
torrar minha grana e o cartão de crédito em roupas.
Senti-me a própria personagem do filme Uma Linda Mulher.
Ai que delícia! Sacolas, sacolas e cheques voadores a se perder de vista.
Tudo isso para comemorar o novo ciclo que se inicia em minha vida:
pedi demissão na sexta-feira. Seis anos de Livrarias e minha identidade
já se misturava com esse trabalho. Hoje em dia o nosso sobrenome é a empresa que trabalhamos. Somos o que fazemos e não o que somos. Bizarro, mas é fato.

Mudanças são bem-vindas. Ar fresco. Recomeço.

E para comemorar é muito bom encontrar velhos amigos.
Kat morou comigo em Londres. Em 1999.
Ela sempre me dá sorte. No dia que a conheci, encontrei também Rodrigo,
que foi o meu melhor namorado.

Em 2001, Kat veio me visitar em Curitiba. Nesse mesmo dia, tinha um encontro com o Jangada. Levei ela junto. Ai, vai comigo que eu estou com medo. O cara é um gato, mas é muito, muito grande. Até hoje me pergunto como ele entrava no meu fusca.

Uns quinze dias antes, eu estava esperando o Nelson Mota na charutaria do Hotel Bourbon. Escondida atrás de uma pilha de livros que peguei emprestado na Biblioteca Pública que fica na frente do hotel.
Ao meu lado o jornalista da Revista Top Magazine entrevistava um cara que era empresário de um lutador de boxe chamado Jangada.
- Esse lutador é muito diferente. Ele já venceu todas as lutas que participou até hoje, todas por nocaute. Ele é sofisticadíssimo, é branco, joga golfe, adora Platão, livros e charutos. Falava todo orgulhoso.
Eu não agüentei e soltei essa por trás da pilha: - só falta ser gay.
- Não, não sou.
Uma voz forte responde.

Ai, não acredito que ele ouviu o meu comentário infame. Ainda bem que estou protegida por esses livros...

Ele senta na minha frente e com aquela mão enorme pega a pilha de livros e começa a comentar um a um. Eu surjo vermelha, estava mortinha de vergonha por ter aberto a boca. Não sou dessas que costuma fazer piadinhas e interromper a conversa dos outros. Sei lá o que me deu.

E no dia que Kat aparece, recebo o seguinte telefonema:
- Oi, Cinthia, aqui é o Jangada. Tudo bom?
Oi, como você conseguiu meu número? Eu pedi pro dono da livrarias, o Augusto.
Fiquei imaginando o Augusto se empenhando pra conseguir meu telefone celular.
Eu não te liguei antes porque passei uns três dias no hospital depois da minha última luta. Fiquei com medo de te assustar, estava com a cara deformada, inchada e roxa. Ave, me deu uns quinze tipos de medo, fiquei imaginando o pobre do outro cara como ficou.

Combinamos de tomar um café e a Kat foi junto.
Ela o adorou, um gato, enorme.
Um dia ele me liga: amor, vou ter que sumir por uns tempos, você não quer ficar comigo no Rio?
O que foi que houve? Eu quebrei na porrada um jogador do Inter dentro do avião.
Ai, meu Deus. Porque você fez isso?
Eu estava na minha, ele me provocando e eu quieto. Juro. Ai ele pegou na minha careca, você sabe como eu odeio que peguem na minha careca, né?. Eu não aguento.
Ah, mas eu adoro pegar na sua careca, dar beijinhos...
Ahh, você pode. Mas macho, nem pensar. Ainda mais um jogador do Inter...

Ficamos lembrando dessas e outras histórias, o começo, o fim, as dela também, as novas que eu não sabia, as de nossos amigos.
Muito bom trocar lembranças com pessoas que fizeram parte delas, mais divertido do
que contar para quem não participou.

Kat, espero não ficar tanto tempo sem vê-la e que venham mais e mais histórias para gente rir juntas.

Para quem quiser conferir o blog dela:
http://katxere-medina.blogspot.com/





terça-feira, 10 de julho de 2007

Caso ou compro um NISSAN?

MURANO
http://www.nissanmurano.com.br/

X-TRAIL
http://www.xtrail.com.br/

SENTRA
http://www.nissan.com.br/nissansentra/

350Z
http://www.nissan350z.com.br/

X-TERRA
http://www.nissanxterra.com.br/

X-TERRA ECOTRIP
http://www.xterraecotrip.com.br/

FRONTIER
http://www.nissan.com.br/nissanfrontier/

PATHFINDER
http://www.nissanpathfinder.com.br/

Metamorfoses | Tradução de BOCAGE.

Ovídio

A ALMA DE JÚLIO CESAR MUDADA EM COMETA (Livro XV, 783-850)

Da tua morte, ó César, teve o mundo
Não duvidosos, tétricos presságios.
É fama que em fulmíneas, atras nuvens,
Tubas horrendas, armas estrondosas,
Duros clarins os pólos atroaram,
Do negro parricídio anúncios dando;
É voz geral também que o Sol tristonho
Um pálido clarão mandava à Terra,
Que nos ares arder se viram fachos,
E em chuveiros cair sanguíneas gotas;
De ferrugíneo véu surgir a Aurora,
De sangue o carro teu vir tinto, ó Lua.
Com dolorosos sons o mocho esquerdo
Lugares mil entristeceu de agouros,
Noutros mil o marfim se viu chorando.
Foram cantos, e vozes de ameaço
Sentidos nas florestas consagradas;
Aceita aos numes vítima não houve:
Feros tumultos, iminentes males
Vinham na rota fibra aparecendo;
Achou-se nas fatídicas entranhas
Decepada cabeça gotejante;
No foro, em torno aos templos, ante os lares
Os cães noturnos ulular se ouviram,
Roma tremeu, por ela andaram sombras.

Tolher o efeito de vindouros fados,
De medonha traicão tolher o efeito
Não puderam do Céu contudo avisos.
Entram punhais sacrílegos no templo:
Que teatro da bárbara tragédia,
Da ação nefanda, o teu Senado, oh Roma!

A alma Vênus, porém, baixando à cúria,
Entre os conscritos invisível pára,
Enquanto da perfídia os golpes fervem.

Eis de César o espírito arrebata
Sem dar tempo a que em ar se desvaneça,
Quer apurá-lo nos etéreos lumes.
Erguendo-o, vê que luz, vê que se inflama:
Ela o solta, ele voa além da Lua.
De acesa grenha, de espaçosa cauda,
No céu girando, resplandece estrela.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Matéria da Exposição LOMOWALL


Olha só o que rendeu:
três páginas de matéria na Revista View Curitiba.
E o Jones e o Campiteli riram muito da minha pequena
máquina russa.
:)

MUDANÇAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE JANEIRO 2008

A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) terão a ortografia unificada.

O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado.
No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

Resumindo: o que muda na ortografia em 2008:

- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".

- Mudam-se as normas para o uso do hífen.

- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos".

- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y".

- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo.

- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido".

- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Os opostos se atraem, mas são as semelhanças que mantêm.

Por Cínthia

A sedução divide o teto com o mistério.
No relacionamento, os opostos se atraem pela curiosidade das diferenças; são o que não somos e, às vezes, até gostaríamos de ser. Estas diferenças roubam nossa atenção e nos facinam pelo que não faz sentido.
Mas esse sentir que nos avassala, não se sustenta por tempo suficiente para se tornar “eterno”. Não se faz no dia-a-dia, morre na praia da rotina, onde se contróem frágeis castelos de areia. Uma vez paraíso, agora, sessão da tarde. E, morto sem perceber, vageia como zumbi.
Os contrapontos, antes tão interessantes, se tornam insuportáveis defeitos, sem nos dar chance de entender como, quando e porquê se tornaram marasmo.

Já as semelhanças, não nos provocam inquietantes incômodos; insípidas à primeira vista, embaçam o espelho, dificultando ver o belo reflexo, porque são justamente familiares, aconchegantes e macios demais...
E a paixão, esta maldita, não quer saber de calmaria. Para ela, os velhso conhecidos acorrentam ímpetos.
Mas são estes iguais, que nos parece lugar comum, como surrada comiseta, colo de vó, que têm poder de fazer um relacionamento valer. E por mais sem propósito que possa parecer, nos completa. Confortável é saber que temos par nesse mundo, que somos compreendidos e aceitos enfim.
E é nessa descoberta do trivial que se vê o verdadeiro e incontestável sentimento. Esse amigo íntimo, que nos vê despido e sem máscaras. O real, não o idealizado.
Encantadora é a descoberta do belo no reflexo do espelho, onde surpresos, reconhecemos nós mesmos.

Convite para o Porão Loquax

Farei uma leitura dos poemas
de Ovídio, na terça-feira,
dia 10 de julho a partir das 22h
para o projeto Porão Loquax
no Wonka Bar(Rua Trajano Reis).

Quem puder assistir me fará
muito feliz.

Beijos e bom fim de semana.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

De novo o rabino Sobel

Já disse e repito que não estava mais interessado nas
estripulias do rabino Henry Sobel, mas sou novamente
obrigado a voltar ao assunto. Não porque a justiça
americana o condenou a seis meses de prisão pelo roubo
de gravatas em Miami. Nem pelo fato de essa prisão ter
se transformado em serviço comunitário. E nem pelas
declarações dele sobre o cumprimento da pena.
Mas onde e como.
Ele afirmou, em entrevista, que pretende cumprir os
seis meses de serviço comunitário numa favela em São
Paulo e que o seu trabalho consistirá em levar
empresários para verem de perto como é a vida numa
favela. O rabino realmente deve estar ainda sob a
influência de remédios. Ou será que ele acha que os
empresários não sabem como é viver numa favela?
Afinal, o que é um favelado senão uma vítima da
economia que vive da exploração do homem pelo homem?
Francamente, não vejo sinceridade nessa atitude do
rabino.Acreditaria, sim, se ele falasse que faria o
seu trabalho comunitário em Gaza, Palestina. Assim
veria como Israel conseguiu transformar, em pleno
século 21, a terra do palestino Jesus Cristo num
vergonhoso campo de concentração, onde estão
confinados mais de três milhões de semitas palestinos.

georges bourdoukan.
Enviado pelo querido amigo Rodrigo Jardim

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Ciranda de Egos

Por Adriane Pasa

Há um fenômeno muito curioso que acontece nos bares de Curitiba. Nos bares do mundo todo, é verdade, mas como moro aqui e não gosto de falar dos cafés de Paris – pois corro o risco de parecer arrogante e neste texto não posso passar tal impressão, mesmo porque não é verdade -, vou me limitar aos arredores desta linda cidade polaca, habitada pelo gigante Dalton Trevisan.
Refiro-me às pessoas de grande intelecto e culturalmente ricas – pelo menos aparentemente -, que insistem em conversinhas eruditas com alto teor de vaidade, quando seria bem melhor se elas somente trocassem experiências. Não há nenhum problema em falar sobre filmes, música, literatura e belas-artes, aliás, é ótimo. Adoro esses assuntos e eles fazem parte do meu universo, da minha formação, do meu gosto. Porque minha cultura não é “cultura de ontem”. Minha formação cultural é bem interessante, para alguém que não nasceu em berço de ouro. Sim, pois como diz minha amiga Cínthia e eu concordo, quem nasceu rico e papai pagou tudo, deveria ter a obrigação de ser culto e fodão. No mínimo, ser bem sucedido em seu meio. No mínimo, ter lido muitos livros, visto muitos filmes bons e saber separar o feijão do caviar.
Minha história é modesta, mas com momentos bem memoráveis. O início foi quando eu tinha 10 anos e minha mãe me entregou um catálogo do Círculo do Livro. “Escolha um livro por mês, você e seus irmãos”, lembro-me bem. Apesar de minha origem ser de uma família simples e de classe média baixa, tive muita sorte de ter pais sensíveis e conscientes e muitos amigos cultos ao longo dos anos. Sim, pois na formação cultural das pessoas a influência dos amigos e do meio é essencial. E é claro, também não vou me desprezar, uma grande sensibilidade de minha parte para perceber as coisas boas caiu muito bem.
Minha mãe não é uma pessoa culta, portanto, não pôde me orientar na escolha de um primeiro livro de alta literatura. Simplesmente escolhi. Ciranda de Pedra, Lygia Fagundes Telles. Li três vezes seguidas. É claro que não absorvi metade da grande Lygia, de seu estilo forte e sua narrativa impactante. Mas a história me emocionou de tal forma que isso eu carrego até hoje em minhas escolhas. E é de emoção que eu sinto falta nessas conversas de hoje em dia. As pessoas estão mais preocupadas em competir e se auto-afirmar do que realmente trocar. Troca. Essa é uma palavra esquecida. Distorcida. Todos querem provar que sabem o nome do diretor do filme, a nacionalidade do tal autor, que a cena da peça teatral foi baseada no livro tal e por aí vai. Mas é tudo tão artificial e chato. Muito chato. Baseado em cultura de Google e de frases baratas de efeito. Procuro fugir de gente assim e dessas conversas vazias e pretensiosas. Nada a ver comigo. Nadinha. Gosto de gente simples em sua definição mais nobre, gente única, genuína. Prefiro conversar com meu porteiro.
Hoje ninguém está interessado em sugerir algo bacana para o outro ou aprender coisas novas – sim, pois tudo já sabem – e aproveitar o que a cultura tem de melhor: a diversidade e a facilidade de fazer com que as pessoas se aproximem. Não vejo mais ninguém falar da emoção que um Borges ou um Cortázar podem despertar, descrever suas impressões em torno de seus textos. Só vejo uma necessidade tola de citar os títulos dos livros e seus prêmios. Não vejo mais ninguém se empolgar quando fala dos personagens de Chaplin, Bergman ou Godard. Há apenas uma preocupação em situar cronologicamente seus filmes e encher a boca para despejar mais e mais nomes.
Não percebo mais o honesto e legítimo interesse nas artes plásticas, na música, na literatura, o que nos faz sentar numa roda de amigos e sentir uma necessidade verdadeira e até visceral de dividir tudo com eles de uma forma simples, sem maiores pretensões. Tem algo melhor do que voltar de uma Bienal de Arte de São Paulo, todo mundo num misto de cansaço e indignação, deslumbramento e dúvida? Dar muita risada depois de sair de uma peça de teatro péssima e se sentir um idiota, afinal, poderia ter ido ao cinema assistir aquele filme que você estava tão a fim. O bom mesmo é trocar idéias, informações e sensações que realmente são urgentes em nossa vida tão louca.
Não tem nada melhor do que conversar com gente de boa auto-estima, que não tem nenhuma necessidade de provar nada e que tem bagagem cultural de verdade o suficiente para ouvir o outro sem medo de se sentir menos.
Tenho uma amiga, uma socióloga, que tem pós-doutorado em Londres, um milhão de especializações, é artista plástica, crítica literária, poliglota, escreve para revistas do mundo inteiro e é a pessoa mais culta que eu já conheci na minha vida. Cada vez que estamos reunidos com ela, nos sentimos como se um mundo inteiro estivesse diante de nós. E realmente estamos. Mas ela é inteligente o bastante para não se importar só com o que sabe. Ela tem uma frase que fica excelente quando sai de sua boca: “Detesto gente arrogante”.
Na maioria das vezes prefiro ficar bem quietinha a me meter a discutir com esses falsos intelectuais. Alguns até sabem sim, têm informação. Mas só isso. Informação e ponto. São incapazes de perceber se uma obra realmente mexeu com eles. Incapazes de admitir que o outro também saiba o que eles sabem, pois não enxergam nada além do seu umbigo. Engraçado, para mim todas as formas de arte são exatamente o oposto de tudo isso. Sem falar naqueles que ousam a se comparar com grandes personalidades. É o fim do mundo.
Não vou terminar citando nosso conterrâneo Dalton (só para parecer íntimo), pois não conheço nenhuma frase dele. Tão discreto, o Dalton. E olha que ele é o máximo. Podia ser um exibicionista, se quisesse. Termino com uma frase de Lygia Fagundes Telles - minha experiência infantil e adorável -, que do alto de sua grandeza literária consegue ser assim, tão simples e resumir o ato criador de uma forma tão bonita:

"Alguns dos meus textos nasceram de uma simples frase ou de alguma imagem que eu vi e retive. Outros, nasceram em algum sonho, enfim, a maior parte destas ficções talvez tenha sua origem lá nos emaranhados do inconsciente - zona vaga e obscura como um fundo de mar. O ato da criação é sempre um mistério”.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Cartomantes

É tão bom comprar ilusão de vez em quando,
ainda mais quando sua vida está total em aberto.

Fui a uma cartomante em Salvador. Dona Jacira é uma
mulher muito boa, foi muito bem recomendada, ela fala nome das pessoas.
Acertou todos os nomes. Assustador! Saí de lá pálida.

O que ela me disse que eu mais gostei foi:
- Minha filha, se você disser que tem 25 anos o povo acredita.
Que carinha infantil você tem.

Valeu os R$ 70,00 reais.

Ai, ai, ai, não é à toa que Napoleão criou a medalha.
Ele já sabia: ego é a coisa mais barata que existe.

Com Druca há algum tempo atrás

mandruca diz:
olá

fake it 'till you make it diz:
oi, tudo bem?

mandruca diz:
tudo e vc?

fake it 'til you make it diz:
tb, tá tudo bem.
tirando que já lavei minha cabeça umas 30x hj.

Mandruca diz:
pq???

fake it 'til you make it diz:
eu pintei o cabelo com a tinta errada e ficou muitttttttoooooo
VERMELHO.

fake it 'til you make it diz:
to vendo se desbota um pouco.

Mandruca diz:
ahahahaaha

Mandruca diz:
é, quem manda inventar.

fake it 'til you make it diz:
ehehehehehe

fake it 'til you make it diz:
porque mãe tem estas coisas meio mágicas, meio praga, né?

fake it 'til you make it diz:
a minha falou: não vai inventar de fazer isso sozinha....que não dar certo.

fake it 'til you make it diz:
Pronto! fui trabalhar hj de gorro e estava o maior calor!

Mandruca diz:
AAHAHAHAHH

Mandruca diz:
pois é

Mandruca diz:
mães sabem tudo

fake it 'til you make it diz:
como elas conseguem???

Mandruca diz:
sempre

fake it 'til you make it diz:
e vc, anda trabalhando muito?

Mandruca diz:
muito

Mandruca diz:
muito muito muito

Mandruca diz:
e hj eu queria sair, mas nao tem NINGUÉM pra sair

fake it 'til you make it diz:
eu poderia te convidar...

fake it 'til you make it diz:
é, mas o meu cabelo tá muito vermelho

Mandruca diz:
eu pego o circular São Paulo-Curitiba

fake it 'til you make it diz:
tá bom, vou até abrir uma exceção e pagar um mico com o cabelo cor de farol.

fake it 'til you make it diz:
vc tá naquela que todos seus amigos estão namorando?

Mandruca diz:
pior. casados!!!

fake it 'til you make it diz:
eh, eu sei... ano passado minhas melhores amigas casaram.

fake it 'til you make it diz:
foi tão rápido que não assimilei ainda. as coisas mudam bastante, eu sinto falta delas.

Mandruca diz:
pois é

fake it 'til you make it diz:
hj eu saiu com o pessoal mais novo.
hehehe

Mandruca diz:
to na maior solidão hj

Mandruca diz:
ahahahaah

fake it 'til you make it diz:
o problema e que eles não tem grana pra nada:
pra viajar, pra sair, pra jantar.
ai eu busco, eu levo, eu pago.

fake it 'til you make it diz:
tô ficando dura. hehhe

Mandruca diz:
ahahahaha

Mandruca diz:
tia Cinthia

fake it 'til you make it diz:
para de me chamar de TIA.

Mandruca diz:
ehehehe...pois é, TIA!


Mandruca diz:
aquela tia de cabelo vermelhão que trouxe a gente

fake it 'til you make it
para com isso :@

Mandruca diz:
eheheeheeheh

fake it 'til you make it diz:
semana passada teve um chá de bebê aqui em casa.

fake it 'til you make it diz:
com BINGO e tudo.

fake it 'til you make it diz:
PODE???

Mandruca diz:
coisa de...

Mandruca diz:
tia

fake it 'til you make it diz:
eu sou madrinha do beibe.

Mandruca diz:


Mandruca diz:
parei

fake it 'til you make it diz:
semana retrassada fui num casamento evangélico com a Fernanda.

fake it 'til you make it diz:
achei que iria derreter....

Mandruca diz:
de certa forma vc tem razão.

fake it 'til you make it diz:
sobre o que?

Mandruca diz:
os compromissos vão mudando...

fake it 'til you make it diz:
é

fake it 'til you make it diz:
sobre eu virar TIA?

Mandruca diz:
hehehe

Mandruca diz:
nada de noiar

fake it 'til you make it diz:
eu me assusto, só isso. sinto falta dos meus amigos,

Mandruca diz:
eu tb

Mandruca diz:
é normal

fake it 'til you make it diz:
mas não quero isso pra mim ainda. acho que é sindrome do PETER PAN.

Mandruca diz:
de novo.

fake it 'til you make it diz:
verdade

Mandruca fake it 'til you make it diz;
bom, vou assistir um filme agora

fake it 'til you make it diz:
certo. eu vou lavar a cabeça de novo.

Mandruca diz:
ahahaaha

fake it 'til you make it diz:
vai lá

Mandruca diz:
beijos

fake it 'til you make it diz:
beijos

A fragilidade dos laços humanos

O título do novo livro do sociólogo polonês Zigmunt
Bauman é sugestivo e, sobretudo, apropriado para um sentimento que não se
submete docilmente a definições. Professor emérito de
sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, ele tem vários
livros traduzidos para o português, e o tema recorrente em sua obra são
os vínculos sociais possíveis no mundo atual, neste tempo que se
convencionou denominar de pós-modernidade.

A noção de liquidez, quando se refere às relações
humanas, tem um sentido inverso ao empregado nas relações bancárias, a
disponibilidade de recursos financeiros. A liquidez de quem tem uma conta
polpuda no banco, acessível a partir de um comando eletrônico é capaz de
tornar qualquer desejo uma realidade concreta. É um atributo
potencializador. O amor líquido, ao contrário, é a sensação de bolsos vazios.

É preciso deixar claro que Bauman não se propõe a
indicar ao leitor fórmulas de como obter sucesso nas conquistas
amorosas, nem como mantê-las atraentes ao longo do tempo, muito menos como
preserva-las dos possíveis, e às vezes inevitáveis desgastes no
decorrer da vida a dois. Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem
garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca
houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de
mercadorias falsificadas.

A área de estudo principal de Bauman é a sociologia, o
campo do pensamento que vai ser o ponto de partida e o foco
fundamental do retrato sobre a urgência de viver um relacionamento plenamente
satisfatório dos cidadãos pós-modernos. Digamos que as dificuldades
vividas por um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla
estabelece como padrão aceitável de relacionamento entre seus vizinhos, entre
os que habitam um espaço comum. Bauman é realista. Sabe que "nenhuma
união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social
e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social".
Portanto, partindo do seu campo específico de estudo, ele faz uma
radiografia das agruras sofridas pelos homens e mulheres que têm que
estabelecer suas parcerias no mundo globalizado.

Mundo que ele identifica como líquido, em que as
relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e
escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em
constante e frenético movimento. Em seus livros anteriores, já traduzidos e
disponíveis para o leitor brasileiro, Bauman defende a idéia de que esse
processo de liquefação dos laços sociais não é um desvio de rota na história
da civilização ocidental, mas uma proposta contida na própria
instauração da modernidade.
A globalização, palavra onde estão contidos os prós e
os contras da vida contemporânea e suas conseqüências políticas e
sociais, pode ser um conceito meio difuso, mas ninguém fica imune aos seus
efeitos. A rapidez da troca de informações e as respostas imediatas que
esse intercâmbio acarreta nas decisões diárias; qualidades e produtos
que ficam obsoletos antes do prazo de vencimento; a incerteza radicalizada
em todos os campos da interação humana; a falta de padrões
reguladores precisos e duradores; são evidências compartilhadas por todos os
que estão neste barco do mundo pós-moderno. Se esse é o pano de fundo do
momento, ele vai imprimir sua marca em todos as possibilidades da
experiência, inclusive nos relacionamentos amorosos. O sociólogo Zygmunt
Bauman mostra como o amor também passa a ser vivenciado de uma maneira mais
insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária
atração de se unir ao outro. Nunca houve tanta liberdade na escolha de
parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, e, no
entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever, ou
reverter o rumo da relação.

O apelo por fazer escolhas que possam num espaço muito
curto de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e mais
promissoras, não apenas orientam as decisões de compra num mercado
abundante de produtos novos, mas também parecem comandar o ritmo da busca
por parceiros cada vez mais satisfatórios. A ordem do dia nos motiva a entrar
em novos relacionamentos sem fechar as portas para outros que
possam eventualmente se insinuar com contornos mais atraentes, o que explica o
sucesso do que o autor chama de casais semi-separados. Ou então, mais
ou menos casados, o que pode ser praticamente a mesma coisa. Não dividir
o mesmo espaço, estabelecer os momentos de convívio que preservem a
sensação de liberdade, evitar o tédio e os conflitos da vida em
comum podem se tornar opções que se configuram como uma saída que promete
uma relação com um nível de comprometimento mais fácil de ser rompido. É
como procurar um abrigo sem vontade de ocupá-lo por inteiro. A
concentração no movimento da busca perde o foco do objeto desejado. Insatisfeitos,
mas persistentes, homens e mulheres continuam perseguindo a chance de
encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interação. Daí
a popularidade dos pontos de encontros virtuais, muitos são mais
visitados que os bares para solteiros, locais físicos e concretos, onde o tête à
tête, o olho no olho é o início de um possível encontro. Crescem as
redes de interatividade mundiais onde a intimidade pode sempre
escapar do risco de um comprometimento, porque nada impede o desligar-se.
Para desconectar-se basta pressionar uma tecla; sem constrangimentos, sem
lamúrias, e sem prejuízos. Num mundo instantâneo, é preciso estar
sempre pronto para outra. Não há tempo para o adiamento, para postergar a satisfação
do desejo, nem para o seu amadurecimento. É mais prudente uma
sucessão de encontros excitantes com momentos doces e leves que não sejam
contaminados pelo ardor da paixão, sempre disposta a enveredar por
caminhos que aprisionam e ameaçam a prontidão de estar sempre disponível para
novas aventuras. Bauman mostra que estamos todos mais propensos às
relações descartáveis, a encenar episódios românticos variados, assim como os
seriados de televisão e seus personagens com quem se identificam
homens e mulheres do mundo inteiro. Seus equívocos amorosos divertem os
telespectadores, suas dificuldades e misérias afetivas são acompanhadas com
o sorriso de quem sabe que não está sozinho no complicado jogo de
esconde-esconde amoroso.

A tecnologia da comunicação proporciona uma quantidade
inesgotável de troca de mensagens entre os cidadãos ávidos por
relacionar-se. Mas nem sempre os intercâmbios eletrônicos funcionam como um
prólogo para conversas mais substanciais, quando os interlocutores
estiverem frente a frente. Os habitantes circulando pelas conexões
líquidas da pós-modernidade são tagarelas a distância, mas, assim que entram em
casa, fecham-se em seus quartos e ligam a televisão.

Zygmunt Bauman explica que hoje "a proximidade não
exige mais a contigüidade física; e a contigüidade física não
determina mais a proximidade". Mas ele reconhece que "seria tolo e
irresponsável culpar as engenhocas eletrônicas pelo lento, mas constante recuo
da proximidade contínua, pessoal, direta, face a face, multifacetada e
multiuso". As relações humanas dispõem hoje de mecanismos tecnológicos e de
um consenso capaz de torná-las mais frouxas, menos restritivas. É preciso
se ligar, mas é imprescindível cortar a dependência, deve-se amar,
porém sem muitas expectativas, pois elas podem rapidamente transformar
um bom namoro num sufoco, numa prisão. Um relacionamento intenso pode
deixar a vida um inferno, contudo, nunca houve tanta procura em
relacionar-se. Bauman vê homens e mulheres presos numa trincheira sem saber
como sair dela, e, o que é ainda mais dramático, sem reconhecer com clareza se
querem sair ou permanecer nela. Por isso movimentam-se em várias
direções, entram e saem de casos amorosos com a esperança mantida às custas de
um esforço considerável, tentando acreditar que o próximo passo
será o melhor. A conclusão não pode ser outra: "a solidão por trás da
porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma
condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar um terreno
doméstico comum".

Amor líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos,
de Zigmunt Bauman, mostra-nos que hoje estamos mais
bem aparelhados para disfarçar um medo antigo. A sociedade neoliberal, pós-moderna,
líquida, para usar o adjetivo escolhido pelo autor, e perfeitamente
ajustado para definir a atualidade, teme o que em qualquer período da
trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por
outra pessoa.

O mais recente título do sociólogo polonês, que
recebeu os prêmios
Amalfi (em 1989, pelo livro Modernidade e Holocausto),
e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra), é uma leitura precisa e
eloqüente, um convite a uma reflexão aberta não apenas aos estudantes e interessados em trabalhos acadêmicos. O seu texto claro, apesar de
fortemente estruturado numa erudição consistente, não deixa de abrir espaço
para o leitor comum, interessado em compreender como as estruturas
sociais e econômicas dos tempos atuais, tentam dar conta da complexidade do
amor que, com a permissão de cita-lo mais uma vez, é "uma hipoteca
baseada num futuro incerto e inescrutável".

Nota do Editor
Ensaio gentilmente cedido pela autora. Publicado no
caderno "Fim de Semana", da Gazeta Mercantil, em 31 de julho de 2004.

Gioconda Bordon
São Paulo, 3/10/2005

Exposição em comemoração aos 25 anos do Blade Runner



A exposição idealizada por Horácio, realizada por Adriane
e pela Livrarias Curitiba. E a arte do flyer por Fernanda Higa.


PARABÉNS! Vai arrebentar.

Leiam esse texto! Vale a pena demais.

REGISTRANDO O IRREAL: A longa parceria entre Cinema & Ficção Científica

Vidal A. A. Costa

NASCIMENTO ATRIBULADO

Desde o seu surgimento o cinema mantém uma ligação com a ficção científica, apesar de ser uma relação que nem sempre se deu sem ressalvas, pois convivia e, de certo modo ainda convive, com um preconceito relativo à natureza fantasiosa do gênero e elementos indissociáveis da sua linguagem, como o uso quase mandatório de efeitos especiais.
No entanto, aquele que é considerado o primeiro filme com narrativa era uma obra de ficção, “Le Voyage dans la Lune” (“A Viagem à Lua”, 1902), inspirado na obra homônima de Júlio Verne. Seu criador, Georges Méliès, foi um dos primeiros gênios do cinema, no momento em que este ainda era uma arte recém-nascida. Enquanto outros exploravam as possibilidades do registro da imagem em movimento, ele ia além, com produções nas quais se interessava em capturar cenas que não se limitavam às fronteiras do real. Para isso, ele desenvolveu técnicas que ainda hoje são usadas, assim como os próprios fundamentos da utilização da câmera, desde a múltipla exposição até o reconhecimento do corte como ferramenta narrativa.
Já célebre, ele decidiu investir tudo em uma idéia inovadora, uma produção que possuísse os elementos de uma história completa, introduzindo personagens, cenas interligadas por um roteiro e até diálogos extensos, rompendo com o modelo das produções de poucos minutos, focalizadas em um só ponto e sem movimento de câmera. Embora outras tentativas semelhantes tenham sido identificadas, “A Viagem à Lua” foi o que teria maiores repercussões para a história do cinema. Mas, infelizmente, não para seu crédito e sim para o do inventor norte-americano Thomas Edison, que fez cópias do filme e o apresentou em larga escala nos Estados Unidos, ganhando milhões enquanto George Méliès era obrigado a declarar falência e terminava seus dias na pobreza.
O mundo fantástico de Méliès se tornaria passado e, quando David W. Griffith definiu a linguagem do cinema em “Birth of a Nation” (“O Nascimento de uma Nação”, 1915) e “Intolerance” (“Intolerância”, 1916), era para o passado que ele dirigia seu olhar, e não para o futuro.

GRANDEZA E TRIVIALIDADE

A era de otimismo advinda com o fim da I Guerra Mundial levou à diferentes expressões no mundo do cinema, e a relação do mesmo com a ficção científica gerou produções também muito diferentes.
Neste momento, autores pioneiros da ficção científica, como H.G. Wells, eram respeitados e seus trabalhos não se distinguiam dos de outros gêneros literários, a despeito dos temas futuristas. Por isso cineastas de grande prestígio puderam voltar-se para esse gênero sem receio de perder o respeito de seus colegas ou do público. E isso era ainda mais verdade na Europa, principalmente na Alemanha, onde o passado talvez não parecesse ter tantos atrativos.
O Reich Alemão, derrotado em 1918, se transformara na breve República de Weimar, que prosseguiu incauta enquanto a sociedade alemã se radicalizava na direção do nazi-fascismo. No cinema, esse foi o tempo do Expressionismo Alemão, e um de seus momentos mais marcantes deu-se através de um olhar para o futuro: o emblemático “Metropolis” (1928) de Fritz Lang.
Criada nos Estudios Babelsberg e apresentada pela primeira vez em 1927, essa produção foi o mais caro de todos os filmes mudos, custando o equivalente a 200 milhões de dólares em moeda dos anos 20. Uma fantasia Art Deco onde a metáfora da Babel bíblica servia para apresentar o panorama da luta de classes em uma sociedade opressora onde os sonhos das elites se convertem no pesadelo dos trabalhadores. O roteiro de Thea Von Harbou e a visão de Fritz Lang construíram um universo imaginário, pleno de imagens poderosas, discutindo a luta entre os paradigmas do capitalismo e comunismo.
Em outro de seus trabalhos, “Frau im Mond” (“A Mulher na Lua”, 1931), a reflexão política e social dá lugar à pura antevisão, território por excelência da ficção científica, com a recriação minuciosa de uma viagem à Lua,da ausência de gravidade ao movimento orbital e incluindo o uso de um foguete de múltiplos estágios para a viagem, assim como de um detalhe: a contagem regressiva para o lançamento. Criada apenas pela necessidade de assegurar a eficácia dramática da cena em um filme mudo, essa característica influenciaria os jovens cientistas alemães, incluindo o Dr. Wernher Von Braun, que anos mais tarde seriam os responsáveis pelo desenvolvimento das bombas voadoras nazistas e, depois da guerra, por grande parte dos programas espaciais da Rússia e dos Estados Unidos.
Com a chegada do cinema falado se ampliaram as possibilidades narrativas, enquanto a sétima arte seguia, já estruturada em gêneros e com uma estrutura normatizada que determinava inclusive um tamanho médio para as produções, garantindo durações previsíveis e, através dessas, um número controlável de sessões para as salas de projeção. Os lucros dos estúdios de Hollywood eram inimagináveis, pois o cinema era o maior fenômeno de entretenimento do mundo, uma posição que não seria questionada mesmo pela recessão causada pelo crash da bolsa, em 1929.
Mas, enquanto na Europa a ficção científica tinha espaço para apresentar grandes idéias ao público pelo viés da imaginação, nos Estados Unidos ela ainda estava para ser reconhecida como gênero no mercado cinematográfico, com produções que se voltavam mais para a fantasia ou mesmo para o horror. Havia exceções, desde os tempos do cinema mudo, como o clássico “The Lost World” (“O Mundo Perdido”, 1924) de Harry Hoyt, inspirado no trabalho homônimo de Sir Arthur Conan Doyle. Mas, no geral, a expectativa de retorno financeiro das mega-produções determinava uma abordagem conservadora na seleção de roteiros, com uma preferência por autores estabelecidos e por temáticas mais acessíveis.
Os estúdios da Universal lançaram obras que, mais tarde, seriam consideradas essenciais dentro de uma visão mais ampla, a do Cinema Fantástico, como “Frankenstein” de James Whale ou “Dracula” de Tod Browning (ambos de 1931), inspirados respectivamente nas obras de Mary Shelley e de Bran Stoker. Mas, esses clássicos que revelaram ao mundo Boris Karloff e Bela Lugosi, são associáveis à ficção científica mais devido à sua linguagem de impacto visual do que à sua temática, que remete ao Romance Gótico Vitoriano e aos seus antecedentes. Nesse aspecto, aproximam-se mais de filmes como “The Thief of Bagdad” (“O Ladrão de Bagdad”, 1924) de Raoul Walsh e Douglas Fairbanks, onde a literatura escapista, inspirada nas “Mil e Uma Noites” de Sherazade, era o fio condutor de uma aventura tornada ainda mais espetacular na refilmagem de Alexander Korda, de 1940.
Com um tom mais sério e tenso, os clássicos de terror constituíram um filão de sucesso em Hollywood, sem no entanto fixar-se em um formato padronizado. Pode mesclar-se com a fábula para nos legar “King Kong” (1933) de Merian Cooper e Ernest Schoedsack, onde o grande macaco é metáfora da natureza furtada, transformada em espetáculo e finalmente destruída pela civilização gananciosa. Ou pode ainda aproximar-se mais da ficção científica propriamente dita, inspirando-se em H. G. Wells para oferecer “The Invisible Man” (“O Homem Invisível”, 1933) de James Whale.
Mas essas produções conviviam com um outro cinema de ficção, uma forma hoje quase esquecida da sétima arte… os seriados de meia hora, produções baratas que eram exibidos nas “matinês” e que, tanto ou mais que as novelas de rádio, foram os antecessores das séries de televisão. E apesar dos roteiros simples, cenografia primitiva e interpretações às vezes embaraçosas, muitos desses trabalhos exibiam claramente a centelha da ficção científica, antecipando formas e idéias futuras mesmo quando sua preocupação maior era de entreter um público infanto-juvenil que só queria acompanhar as aventuras de seus personagens favoritos.
Assim, os quadrinhos de Alex Raymond inspiraram “Flash Gordon” (1936) de Frederick Stephani, onde o corpo musculoso de Buster Crabbe (Flash) e as roupas sedutoras de Jean Rogers (Dale Arden) e Priscilla Lawson (princesa Aura), conviviam com imagens de raios laser e aparelhos chamados de tele-visors.
E havia muitos outros, a maioria produzidos pelos estúdios da Universal ou da Republic, que competiam com toda sorte de produções, incluindo seriados de espionagem e até westerns. Mas dentre todos, talvez permaneçam como mais memoráveis os de ficção científica, citados até por astronautas décadas mais tarde, como é o caso de “Buck Rogers” (1939) de Ford Beebe e Saul Goodkind, inspirado nos quadrinhos de Dick Calkins.
Mas na Europa a ficção ainda teria uma última grande obra, às vésperas da guerra que mudaria o mundo. E o filme em questão se voltava justamente para essa guerra que então ainda era futura, para oferecer imagens aterrorizantes do que estava para acontecer. Será novamente a imaginação incomparável de H. G. Wells a responsável por esse vislumbre da humanidade na era dos bombardeiros indiscriminados de populações civis, das armas bacteriológicas e do fim da civilização.
“Things to Come” (“Daqui a Cem Anos”, 1936) de William Cameron Menzies e Alexander Korda, contou com o auxílio do próprio H. G. Wells na produção, resultando em uma obra de mensagem poderosa contada através de uma estética marcante e do duelo de interpretação entre Raymond Massey, Ralph Richardson e Cedric Hardwick.
Esse grande filme encerrou a participação da ficção científica nessa era dourada do cinema, antecipando com detalhes a realidade da II Guerra Mundial, que logo engoliria a tudo e tornaria triviais todas as grandezas hollywoodianas.

SERIEDADE E DIVERSÃO

Com o fim da II Guerra Mundial grandes tradições cinematográficas, como a alemã, tornaram-se memória do passado, enquanto outras tentavam recuperar seu lugar em um mundo que estava se reconstruindo.
E o Cinema Fantástico não demorou a se fazer presente com obras-primas cheias de atmosfera e simbolismo, como “La belle et la bête” (“A Bela e a Fera”, 1946) de Jean Cocteau, ou com primorosas criações técnicas com efeitos especiais, onde a fábula dava lugar à pura antecipação futurista, como “Destination Moon” (“Destino à Lua”, 1950) de Irvin Pichel, inspirada na obra do mestre da ficção científica Robert Henlein.
Naquela época otimista do pós-guerra, a literatura de ficção, que experimentara um crescimento de popularidade desde os anos 30, convivia com a realidade de foguetes espaciais e armas atômicas, que pareciam legitimá-la e que tornavam familiares seus conceitos, até então província apenas dos aficionados do gênero.
Revistas de ficção científica, como a “Amazing” (fundada em 1926 e publicada até 2006) ou a “Astounding” (fundada em 1930 e publicada até hoje, com o nome de “Analog”), haviam se tornado o veículo por excelência para toda uma geração de autores que se tornariam referência, muitos sendo chamados para trabalhar nas produções do cinema e da nascente televisão, para onde os seriados estavam começando a migrar.
Os anos 50 seriam a era desses novos seriados para TV, que logo se converteriam nas séries que dominaram a programação televisiva a partir de então. Muitas dessas primeiras produções se perderam, pois eram transmissões ao vivo, semelhantes às antigas novelas seriadas das rádios. Os enredos eram variados, mas muitos envolviam é claro viagens espaciais, e influenciariam muito do que seria feito no gênero nas décadas seguintes.
Mas seria no cinema que a ficção científica alcançaria sua maturidade como linguagem, encontrando uma mídia capaz de oferecer imagens à altura dos sonhos que povoaram a imaginação de seus autores desde os tempos das dime novels do século XIX, e além. Este potencial, no entanto, só seria alcançado muito tempo depois, por enquanto os filmes ainda estavam às voltas com as limitações técnicas dos efeitos especiais disponíveis, bem como os parâmetros mercadológicos que sempre nortearam as decisões dos grandes estúdios.
As produções sérias continuaram a ser pouco numerosas, conservando também um olhar imbuído de uma dimensão política, social e até filosófica, gerando filmes que se tornariam marcos do cinema de ficção, influenciando a estética e a temática de muito do que foi feito depois.
“The Day the Earth Stood Still” (“O Dia em que a Terra Parou”, 1951) de Robert Wise, apresenta uma situação de primeiro contato, na qual o alienígena Klaatu aparece como uma figura demiúrgica que passa da complacência à firmeza diante do confronto com a mesquinhez da raça humana. Interpretado por Michael Rennie, o personagem é um dos primeiros de uma longa tradição de aliens que funcionam narrativamente como parâmetros da humanidade, cujo comportamento benigno endurece à medida que a nossa natureza lhes é revelada. Mas Klaatu também é a consciência de uma era na qual o poder atômico se transformara de promessa de futuro em ameaça do presente, com a perspectiva da destruição do mundo, no holocausto nuclear. Quando fala, não a um governo, mas a todos os habitantes da Terra, o alienígena volta-nos um olhar duro que é espelho daquele que lhe oferecemos e que nos chama às falas por nossa insensatez.
A guerra volta a ser o tema na primeira versão cinematográfica de “War of the Worlds” (“Guerra dos Mundos”, 1953) de Byron Haskin, inspirada na obra homônima de H. G. Wells. Mais do que pacifista, a história é um libelo em que ambos os lados são vítimas, pois o objetivo é descrever a futilidade da própria guerra. Ambientado nos Estados Unidos e concebido no momento em que o mundo vivia sob a égide da Guerra Fria, o filme tem uma mensagem diferente da versão original de Wells, na qual o imperialismo é que era posto em cheque através da inversão de papéis que impõe a pergunta: e se fôssemos nós os invadidos? Essa idéia fica de lado da versão dos anos 50, só reaparecendo na sua refilmagem de 2005 por Steven Spielberg, em uma clara denúncia dos horrores cometidos pelos Estados Unidos na Guerra do Iraque… resgatando a imagem grotesca criada por Wells do invasor sugando o sangue do povo que conquistou, em uma crítica perfeita de todas as nações imperiais. Este é o tema oculto que passou despercebido a um público ignorante da história original, que esperava um filme de ação com a vitória indiscutível do herói interpretado por Tom Cruise. Mas em ambos os filmes o lúcido pessimismo de Wells está presente na noção de que não há vencedores nas guerras, só há aqueles que sobrevivem, e o fazem apenas por sorte e não por obra de alguma anunciada superioridade.
Em outro trabalho indispensável, “Forbidden Planet” (“O Planeta Proibido”, 1956) de Fred Wilcox, a história de Irving Block e Allan Adler é inspirada na última peça de Shakespeare, “A Tempestade”, mas inverte o seu sentido, adicionando um viés psicológico e trágico para a figura de Morbius (Próspero na versão shakespeariana), cujo desejo de conhecimento libertou uma força que toda a sua racionalidade não era capaz de dominar: o seu próprio inconsciente. Com efeitos inovadores e requintados para a época, o filme possuía uma narrativa típica de ficção, onde o ritmo lento do enredo se acelera apenas nos momentos de descoberta e o desconhecido se revela sempre a contragosto. Sob uma trilha que foi a primeira inteiramente realizada com música eletrônica, a árida paisagem alienígena de Altair IV é o panorama de uma história que mantém um tom em que o sinistro se mistura com o solene, com insinuações de sensualidade e momentos deslocados de humor… uma descrição que poderá, a partir de então, ser reconhecida em muitos outros clássicos do gênero.
H. G. Wells voltaria a ser a fonte para “The Time Machine” (“A Máquina do Tempo”, 1960) de George Pal, que aqui dirigiu, mas era célebre como produtor de vários outros clássicos do gênero. Sem se distanciar muito da história original, o roteiro de David Duncan enfatiza o pessimismo de Wells, com o futuro aparecendo como uma sucessão de guerras infrutíferas e culminando na divisão do mundo entre os serenos Eloy e os selvagens Murlocks, vítima e opressor, presos em uma relação sintetizada pelo canibalismo, onde toda fuga é efêmera e mesmo o toque de esperança é repleto de perda e melancolia. Bem diferente da sua refilmagem de 2002 por Simon Wells (bisneto de H. G. Wells), em que os próprios motivos do viajante do tempo (seu otimismo e sua fé na humanidade que serão destruídos pelos horrores que vai testemunhar) são transformados no desejo vulgar de salvar sua amada… um tema original sério se desfazendo perante um novo roteiro que estaria mais à vontade em outro tipo de produção.
Mas a década de 50 não produziu somente esse tipo de cinema de ficção, pois a era de prosperidade nos anos que se seguiram ao final da II Guerra Mundial foi responsável por uma alteração no perfil do mercado consumidor, com o surgimento de um novo público alvo: os jovens e adolescentes. Em um fenômeno que começou mais cedo e foi muito mais forte nos Estados Unidos, todo um segmento social anteriormente ignorado passou a ser reconhecido objetivamente pela industria do entretenimento. E isso não ocorreu em meio a um vácuo de reação, no qual este público se tornaria alvo passivo de uma ação delimitadora de seus gostos. O crescimento da escolaridade associado às perspectivas econômicas estimulava uma juventude ativa e dinâmica, ao mesmo tempo em que as restrições das sociedades ainda conservadoras levavam à uma reação inevitável.
Para dar conta dessa rebeldia nascia um novo gênero musical, o rock and roll, oferecendo-lhe uma poética própria, além de contribuir para a construção mais ampla de valores éticos, estéticos e morais. Todavia, o rock não estava sozinho neste processo, sendo parte de uma amálgama que eventualmente passaria a construir o fenômeno da cultura pop, e terminaria por abarcar fenômenos diversos: da poesia beatnik à música eletrônica de vanguarda, ou ainda das histórias em quadrinhos aos filmes “B” de terror e ficção científica, entre muitos outros.
Apesar de ser visto com desdém pelos críticos, esse tipo de cinema era responsável por atrair multidões às pequenas salas de exibição, aos parques de estacionamento e aos drive-ins, onde turmas de amigos se reuniam e namorados podiam encontrar-se longe do olhar vigilante dos pais.
Como os antigos seriados, estes filmes eram baratos e com efeitos nada especiais, mas muitos misturavam roteiros densos e tramas inquietantes, discutindo a natureza humana por vieses que só são possíveis à ficção científica, visto que esta não está restrita pelos limites do realismo, trabalhando mais com arquétipos do que com personagens.
Enquanto os filmes produzidos sob o patrocínio do Estado faziam a apologia da energia nuclear e da própria bomba como ferramenta da paz e não da guerra, as “inócuas” produções “B” se concentravam no oposto. As possibilidades destrutivas do átomo, a falibilidade da ciência, a tensão palpável da Guerra Fria e a perspectiva do holocausto nuclear… todos eram temas válidos para um público jovem que não estava acostumado a confiar cegamente nas promessas dos poderosos.
Os quadrinhos, o cinema e a nascente televisão refletiam uma realidade em que abrigos anti-atômicos eram construídos até no fundo dos quintais nos Estados Unidos, funcionando como termômetro para uma geração que viria a ser conhecida como os babyboomers (de baby boom termo cunhado para se referir à explosão de nascimentos do pós-guerra). A garantia da mútua aniquilação e a paranóia do mundo dividido eram o assunto de filmes como “Invasion of the Body Snatchers” (“Vampiros de Almas”, 1956) de Don Siegel, onde um a um todos os habitantes de uma cidade são substituídos por cópias, anunciando a certeza de que não há defesa diante de um inimigo invisível que mina a sociedade de dentro para fora. Um drama psicológico onde os alienígenas invasores são citações permissíveis no momento em que a sociedade americana vivia a psicose da era do Senador Joseph McCarthy, com a infame caça aos comunistas. Essa não tinha sido a primeira vez em que esse tema havia aparecido (entre outros, vale citar outro clássico: “It Came from Outer Space”, 1953, de Jack Arnold), porém em “Vampiros de Almas” o crescendo da tensão, a natureza desesperada do protagonista e a forma da alteração (ocorre quando as vítimas adormecem) parece inverter a trama, fazendo das duplicatas não tanto agentes infiltrados de um poder estrangeiro, mas referências encobertas aos complacentes cidadãos norte-americanos, transformados em conchas ocas de si mesmos, indiferentes ao fim de sua liberdade.
Além de guerras interplanetárias e encontros com extraterrestres, havia enredos que se voltavam para os perigos da energia atômica, os abusos da ciência ou os encontros com o desconhecido. Isso também levou ao surgimento de toda uma nova geração de monstros, alguns memoráveis, como o ser anfíbio de “Creature From the Black Lagoon” (“O Monstro da Lagoa Negra”, 1954) de Jack Arnold, ou o próprio Godzilla, o Rei Lagarto criado por Eiji Tsuburaya para os inúmeros filmes da Toho Film Company. Mas esses foram poucos, se comparados à grande quantidade de trabalhos que representava pouco mais do que um encontro com a aventura sem compromissos, racionalizações ou preocupações com a qualidade, no caso inexistente, dos efeitos especiais.
Entretanto, em meio a figuras como Eddie Wood, (chamado carinhosamente pelos seus próprios fãs de “o pior diretor do mundo”) havia muitos que estavam mais para Roger Corman, cineasta que nasceu nos filmes “B” para acabar alcançando uma inesperada projeção a partir dos anos 80.
Essa foi uma era de incomparável produtividade, que se mostraria mais tarde uma referência permanente, tanto para os que buscassem uma ficção científica séria como para os interessados em pura diversão.
Conforme os anos 60 se encaminhavam para a explosão da Contra-Cultura e continuava a Guerra do Vietnã, parecia cada vez mais insensata a lógica militar. Fazendo da possibilidade do holocausto nuclear um tema sério o bastante para atrair o talento de um dos maiores diretores da história do cinema, resultando em uma comédia sinistra que é mais realidade assustadora do que ficção científica. Em “Dr. Strangelove” (“O Dr. Fantástico”, 1964) de Stanley Kubrick, todos os dados técnicos, e mesmo alguns dos diálogos mais desequilibrados, são totalmente autênticos, dos números apresentados para as esquadrilhas de bombardeiros, às afirmações do Gen. Turgidson, interpretado por George C. Scott e inspirado na personalidade psicótica do Gen. Curtis LeMay, líder do Comando Aéreo Estratégico dos Estados Unidos.
E em “Planet of the Apes” (“O Planeta dos Macacos”, 1968) de Franklin J. Schaffner, que subverte e acrescenta elementos à história de Pierre Boulle, descrevendo a estupidez da guerra como capaz de inverter o paradigma evolucionário, levando os símios a dominar o mundo… uma afirmação tanto mais audaciosa e surpreendente por ser anunciada nos Estados Unidos onde, mesmo agora, no século XXI, a Teoria da Evolução não pode ser ensinada nas escolas e o nome de Charles Darwin ainda é tabu.
Mas seria a realidade das viagens espaciais, unida à magia das trips psicodélicas que levariam o gênio de Kubrick a criar aquele que muitos consideram o filme definitivo de ficção científica, “2001: A Space Odissey” (“2001, Odisséia no Espaço”, 1968), baseado no conto “The Sentinel” (“O Sentinela”) de Arthur C. Clarke. O próprio Clarke cuidou do enredo, transformando a história do guardião deixado para vigiar a humanidade em uma viagem que cruza o abismo entre o Neolítico e a Era Espacial em busca de um sentido simbólico para a aventura humana. Depois de “2001”, nunca mais a ficção científica pôde ser feita como antes, com a estética de suas cenas espaciais influenciando tudo que viria a ser feito desde então.
Esse filme pode também ser escolhido para demarcar o fim de uma era… uma produção complexa, na qual tema e narrativa são indecifráveis ao espectador casual, demandando uma dedicação muito maior. Somente o cinema sem compromissos mercadológicos do soviético Andrei Tarkovsky (“Solaris”, 1972 e “Stalker”, 1979) conseguiria estender as fronteiras da ficção científica além dos limites apresentados por Kubrick, chegando a desafiar a própria definição da mídia, ao usar o silêncio e imagens estáticas. No mundo do mercado e do lucro nada assim poderia ser tentado impunemente (a própria refilmagem de “Solaris” por Steven Soderbergh, em 2002, não o faz), e é por isso que a própria existência de “2001” já descreve um tempo que estava para se encerrar.

REFLEXÃO E ENTRETENIMENTO

Nos anos 70 do século passado, enquanto os grandes estúdios se viam ameaçados de falência, as produções de ficção científica começaram a escassear.
Criações esmeradas continuaram a ser realizadas depois de “2001”, como a própria “Clockwork Orange” (“A Laranja Mecânica”, 1971) também de Stanley Kubrik, baseada no livro de Anthony Burgess, onde a genial interpretação de Malcolm McDowell parece nos conduzir a um olhar sobre a violência da juventude, mas no fim revela a presença desta não apenas no resto da sociedade, mas até nas instituições e práticas do Estado voltadas para combatê-la.
Outros podem ser citados, como a declaração ecológica de “Silent Running” (“A Corrida Silenciosa”, 1972) de Douglas Trumbull; ou ainda outro clássico sobre a violência, “Rollerball” (1975) de Norman Jewison. Porém, no geral parecia que o gênero estava estagnado como fenômeno de massa, destinado, talvez, a tornar-se um produto inviável, só raras vezes permitido pela política dos estúdios de cinema, como havia ocorrido aos musicais e westerns, a despeito do sucesso das tentativas cada vez menos freqüentes. Também continuavam sendo produzidos filmes de baixo orçamento, entretanto a era de ouro das matinês e dos drive-ins havia passado e esses trabalhos não tinham mais o mesmo impacto cultural. No entanto, seria uma produção de ficção relativamente barata, idéia de um diretor conceituado mas de pouca experiência, que anunciaria a possibilidade de uma mudança na maré e um retorno do cinema aos seus dias de glória.
“Star Wars” (“Guerra nas Estrelas”, 1977) de George Lucas, foi um dos maiores sucessos de bilheteria da década de 70 e além, e era uma clássica história de herói, de autoria do próprio Lucas e inspirada nos conceitos de Joseph Campbell, autor de “The Hero with a Thousand Faces”. A trilogia de filmes (e sua continuação, mais de duas décadas depois) apresentaria um conto narrado às avessas, onde a luta do bem contra o mal seria apenas a camada superior de inúmeras leituras possíveis. A rica colagem de imagens, personagens e idéias fez sucesso dentro e fora do mundo do cinema, garantindo um renovado interesse na ficção, bem como a evolução do gênero, que deixou em parte a sua posição marginal, passando a atrair investimentos cada vez mais generosos por parte dos estúdios.
Além disso, toda uma nova geração de cineastas começava a aceitar esse tipo de temática, levando a uma série de realizações clássicas, como “Close Encounters of the Third Kind” (“Contatos Imediatos do 3º. Grau”, 1977) de Steven Spielberg e “Alien”(“Alien: O Oitavo Passageiro”, 1979) de Ridley Scott.
E se Spielberg retornaria muitas vezes à ficção, produzindo ou dirigindo e sempre com resultados respeitáveis, é um outro clássico de Ridley Scott que merece destaque: “Blade Runner” (“O Caçador de Andróides”, 1982). Inspirado no conto “Do Androids Dream of Eletric Sheep” de Philip K. Dick, e no quadrinho “The Long Tomorrow” de Jean “Moebius” Giraud, esse filme se tornaria um marco, com sua estética primorosa, mistura de visuais cyberpunk com a estrutura narrativa do cinema Noir. Sob a chuva constante, a trilha sonora de Vangelis costura as cenas sombrias de um futuro nada acolhedor, em que Harrison Ford gradativamente perderá a medida da humanidade, caçador se confundindo com a presa, e homem com a máquina.
Já então a televisão, outrora considerada a maior ameaça para o futuro do cinema, estava contribuindo para o mesmo, através de adaptações como “Star Trek: The Motion Picture” (“Jornada nas Estrelas: O Filme”, 1979) de Robert Wise, cujo sucesso levaria a nove continuações pelas décadas seguintes. E a literatura de ficção também seria usada como referência, com maior ou menor sucesso, como “Dune” (“Duna”, 1984) de David Lynch, inspirada no clássico de Frank Herbert; ou “Starship Troopers” (“Tropas Estelares”, 1997) de Paul Verhoeven.
Neste momento em que o mercado do vídeo se tornava um concorrente para as salas de exibição, a indústria cinematográfica, soube investir em mecanismos de comercialização que garantiram seu crescimento continuo nas décadas seguintes, mesmo depois do surgimento dos DVDs. E a ficção-científica não ficou de fora dessa nova era de ouro do cinema, com uma proliferação de novos títulos todos os anos, alguns dos quais memoráveis.
“Matrix” (1999) dos irmãos Wachowski, é um marco recente, questionando o próprio sentido de realidade em uma clara associação à idéia da substituição da mesma por um mundo de simulacros, defendida pelo filósofo Jean Baudrillard. Sob a roupagem de uma aventura futurista, esse tema complexo mostra a vitalidade do gênero, assim como a sua liberdade para buscar inspirações que vão do esotérico ao hermético, envolvendo-as com o eterno artifício cinematográfico: a imagem contadora de histórias, o movimento ilusório que, na ficção, resgata a mágica dos efeitos especiais inaugurada nos filmes de Méliès… para entreter o expectador e, se ele desejar, para fazê-lo pensar.
E no entanto, a despeito desse renovado sucesso, bem como do direcionamento que resgatou o aprimoramento técnico e a riqueza temática e narrativa da ficção científica, a sua relação com o cinema permaneceu a mesma: uma discreta afinidade, pontuada por um relativo desdém. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se manteve receosa de oferecer seu prêmio maior a produções que tivessem quaisquer ligações com o universo do fantástico. Na verdade, poucas vezes eles chegaram sequer a ser indicados para o Oscar de Melhor Filme, e nem mesmo clássicos como “The Wizard of Oz” (“O Mágico de Oz”, em 1939) ou “Star Wars” (“Guerra nas Estrelas, em 1977) conseguiram vencer esse preconceito e conquistar a estatueta.
Até Stanley Kubrick foi vítima desse estigma: de suas 5 indicações para o Oscar, três foram para melhor filme, sendo duas com produções ligadas à ficção: “Dr. Strangelove” (“O Dr. Fantástico”, em 1964) e “Clockwork Orange” (“A Laranja Mecânica”, em 1971). Mas, no fim, ele só conseguiu arrebatar o prêmio uma vez, e seria o de Melhores Efeitos Visuais, por “2001”.
Esse tipo de premiação seria uma constante, tanto para o cinema de ficção como para o de fantasia, notoriamente considerados estilos marginais, independentemente do sucesso que experimentassem, tanto com público como com a crítica. Um tabu que só seria rompido muito recentemente com “The Return of the King” (“O Retorno do Rei, 2003) de Peter Jackson, a terceira e última parte da sua adaptação cinematográfica para a trilogia “O Senhor dos Anéis” de J.R.R.Tolkien.
Os três filmes que compõe essa obra concorreram, mas, apesar de todos acumularem vários prêmios, apenas o terceiro ganhou na categoria principal, como se a Academia relutasse até a última hora. Claro que se pode argumentar que não foi para uma criação de ficção científica e sim de fantasia, não obstante a natureza épica e o sentido ao mesmo atemporal e contemporâneo do insuperável trabalho de Tolkien. Mas pode-se dizer que os gêneros se aproximam e, algumas vezes, se misturam claramente, como é o caso de “Star Wars”.
Até defini-los é uma tarefa difícil, embora possamos recorrer ao mestre Rod Serling, para quem “A ficção científica é o improvável feito possível, enquanto a fantasia é o impossível feito provável”.
Se assim for então teremos formas espelhadas e complementares, ocupando nichos próximos no panteão do Cinema Fantástico, que, todavia, ainda terá de vencer muitos preconceitos dentro e fora da Academia hollywoodiana. Talvez até permaneçam como formas secundárias de arte cinematográfica, em um mundo que prefere ver na violência do crime ou da guerra o seu paradigma estético. Mas, até pelo apelo inegável de produções que, ano após ano, se mantém sempre entre as mais bem sucedidas, não há dúvida de que essa parceria de longa data está longe de se encerrar.

Convite da exposição do namoradão da Carol

Não conheço o trabalho do Stephan ainda, mas utilizo o espaço para
divulgar a exposição desse belga, namorado da Carol.
Ah, ela conheceu na Bahia.
Ô terra boa! Quem puder, apareça!