sábado, 1 de dezembro de 2007

Ilhas desconhecidas

Fantástico! Esse texto é perfeito para essa época do ano,
com feriados e férias chegando...

Espero que curtam e que inspire
a encontrar um belo roteiro de fim de ano.

e que encontrem a sua ilha desconhecida.

viajar é se reinventar!!!

Beijos, Cínthia

CONTARDO CALLIGARIS

Ilhas desconhecidas

O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então

QUANDO ERA criança, um senhor canadense, Mr. Evans, foi contratado por meus pais para "treinar" meu inglês. O método de Mr. Evans consistia em narrar grandes eventos da História (com H maiúsculo) como se ele tivesse sido uma testemunha ocular. Conseqüência: há detalhes íntimos de várias cenas famosas que não sei mais se são fatos ou fantasias de Mr. Evans.
Uma fonte de inspiração de Mr. Evans era a expedição de Lewis e Clark, que, entre 1804 e 1806, abriu o caminho do Oeste americano. Segundo Mr. Evans, em 7 de abril de 1805, deixando Fort Mandan para se aventurar no território desconhecido das grandes planícies, Lewis, pensativo, teria dito a George Gibson (o melhor atirador da expedição): "New land, George" (uma nova terra, George).
Nunca pude confirmar a veracidade da dita conversa. Mas essa frase, aparentemente trivial, foi incorporada no meu léxico familiar. A cada vez que, numa viagem de férias, saíamos do país, meu irmão e eu não parávamos de repetir: "New land, George". Ainda hoje, quando chego num lugar desconhecido, penso em Lewis e Gibson.
Mais tarde, meu irmão e eu passamos a usar a mesma expressão quando - numa festa, por exemplo - avistávamos mulheres que despertavam nosso interesse. Um dos dois, invariavelmente, levantava a mão espalmada, como se quisesse proteger os olhos do sol, e dizia: "New land, George".
Na literatura, não é raro que um corpo amado e desejado seja comparado à paisagem de terras incógnitas. John Donne, num de seus mais lindos poemas (do século 17), chamou sua amada de "minha América, minha terra recém-descoberta". De fato, há mesmo uma relação entre o amor e a verdadeira viagem. Vamos ver qual.
De vez em quando, tenho vontade de viajar. O que chamo de viajar não tem muito a ver com viagens de férias. Tampouco significa necessariamente desbravar terras virgens.
Encontrei a melhor definição do que é viajar numa maravilhosa e breve fábula de José Saramago, que acaba de ser publicada, "O Conto da Ilha Desconhecida" (Companhia das Letras). O protagonista explica assim seu desejo: "Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver".
Viajar é isto: deslocar-se para um lugar onde possamos descobrir que há, em nós, algo que não conhecíamos até então. Sem estragar o prazer dos leitores, só direi que, no fim da fábula de Saramago, talvez o protagonista não encontre sua ilha, mas ele encontra uma mulher. A moral da história é incerta, entre duas leituras opostas.
Primeira leitura: quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam, com freqüência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, às vezes, a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos, acusamos o casal de uma inércia que é só nossa.
Exemplo: anos atrás, na França, um amigo se interessava pelas pessoas que desaparecem sem razão aparente e refazem sua vida alhures, sob outro nome, como se tivessem sido vítimas de uma amnésia repentina. Em todos os casos em que meu amigo conseguira entrevistar esses "desaparecidos", os mesmos constatavam que, depois de seu sumiço, em poucos anos, eles tinham reconstruído uma situação de vida parecida com aquela que tinha motivado sua fuga.
Segunda leitura: o protagonista descobre que a mulher ao seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem, em princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes.
O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós.
Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbarrar em problemas análogos: às vezes, ao sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos dos efeitos em nós do amor ou da viagem. Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar da viagem.
Moral dessa coluna (e talvez da fábula de Saramago): os outros não são nenhum inferno, são uma viagem. Agora, para amar, como para viajar, é preciso ter determinação e coragem.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O segredo da vida de um casal

CONTARDO CALLIGARIS



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Receita do amor que dura: amar o outro não apesar de sua diferença, mas por ele ser diferente
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EM GERAL , na literatura, no cinema e nas nossa fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta).
No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um "viveram felizes para sempre", que seria a "óbvia" conseqüência da paixão.
No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível. O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitar-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família?
Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal.
O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville -às vezes, para conto de terror, à la "Dormindo com o Inimigo".
Durante décadas, Calvin Trillin escreveu uma narrativa de sua vida de casal, na revista "New Yorker" e em alguns livros (por exemplo, "Travels with Alice", viajando com Alice, de 1989, e "Alice, Let's Eat", Alice, vamos para a mesa, de 1978).
Nesses escritos, que são só uma parte de sua produção, Trillin compunha com sua mulher, Alice, uma dobradinha humorística, em que Calvin era o avoado, o feio e o desajeitado, e Alice encarnava, ao mesmo tempo, a beleza, a graça e a sabedoria concreta de vida.
À primeira vista, isso confirma a regra: a vida de casal é um tema cômico. Mas as crônicas de Trillin eram delicadas e tocantes: engraçadas, mas nunca grotescas. Trillin não zombava da dificuldade da vida de casal: ele nos divertia celebrando a alegria do casamento. Qual era seu segredo?
Pois bem, Alice, com quem Trillin se casou em 1965, morreu em 2001.
Trillin escreveu "Sobre Alice", que acaba de ser publicado pela Globo. Esse pequeno e tocante texto de despedida desvenda o segredo de um amor e de uma convivência felizes, que duraram 35 anos.
O segredo é o seguinte: Calvin e Alice, as personagens das crônicas, não eram artifícios literários, eram os próprios. A oposição entre os dois foi, efetivamente, o jeito especial que eles inventaram para conviver e prolongar o amor na convivência.
Considere esta citação de um texto anterior, que aparece no começo de "Sobre Alice": "Minha mulher, Alice, tem a estranha propensão de limitar nossa família a três refeições por dia". A graça está no fato de que a "propensão" de Alice não é extravagante, mas é contemplada por Calvin como se fosse um hábito exótico.
Alice é situada e mantida numa alteridade rigorosa, em que é impossível distinguir qualidades e defeitos: Calvin a ama e admira como a gente contempla, fascinado, uma espécie desconhecida num documentário do Discovery Channel.
Se amo e admiro o outro por ele ser diferente de mim (e não apesar de ele ser diferente de mim), não posso considerar que minha maneira de ser seja a única certa. Se Calvin acha extraordinário que Alice acredite na virtude de três refeições diárias, ele pode continuar petiscando o dia todo, mas seu hábito lhe parecerá, no fundo, tão estranho quanto o de Alice.
Com isso, Calvin e Alice transformaram sua vida de casal numa aventura fascinante: a aventura de sempre descobrir o outro, cuja diferença inesperada nos dá, de brinde, a certeza de que nossa obstinada maneira de ser, nossos jeitos e nossa neurose não precisam ser uma norma universal, nem mesmo a norma do casal.
Há quem diga que o parceiro ideal é aquele que nos faz rir. Trillin completou a fórmula: Alice era quem conseguia fazê-lo rir dele mesmo. Com isso, ele descobriu a receita do amor que dura.

"O Passado"

CONTARDO CALLIGARIS
Folha de São Paulo, Ilustrada, 01/11/2007

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Nada passa, nunca; tudo o que acontece é indelével, sobretudo em se tratando de amor
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"O PASSADO ", de Hector Babenco, estreou na última sexta-feira. O filme, que, antes disso, abriu a Mostra de Cinema de São Paulo, é inspirado no romance homônimo de Alan Pauls (Cosac Naify).
Resumindo a história ao osso, para não estragar o prazer dos espectadores futuros: Rímini e Sofía se juntam muito jovens e se separam, amistosamente, depois de 12 anos. De uma maneira ou de outra, a relação que eles viveram não os deixa tranqüilos.
Na saída do cinema, a conversa era animada. Os amigos (homens) achavam o filme tão apavorador quanto "Atração Fatal", de Adrian Lyne: para eles, Analía Couceyro, como Sofia, era mais inquietante que Glenn Close, justamente por parecer menos louca. Nossos objetos de amor talvez sejam sempre assim, familiares até o dia em que, na hora de uma separação, a própria paixão os torna totalmente estranhos.
As amigas respondiam que a causa do problema era a fraqueza do protagonista masculino. De fato, Rímini (Gael García Bernal) parece seguir o desejo de todas as mulheres que ele encontra, sem nunca descobrir e afirmar o seu.
Outra discussão dizia respeito ao fim do filme: será que Rímini conseguira se livrar do passado, de vez? Eu pensei que não, que talvez ele tivesse conseguido se livrar das atenções incômodas de sua antiga companheira, mas não há amnésia que possa acalmar o passado.
A história de Rímini e Sofía me evocou um trecho da autobiografia de Tchecov ("Minha Vida", ed. Nova Alexandria), em que o escritor comenta que o ditado "tudo vai passar" pode tanto aliviar nossa tristeza com a idéia de que dias melhores virão quanto mitigar nossa euforia com a idéia de que as vacas magras voltarão. Mas, por útil que seja, essa sabedoria é falsa: nada passa, nunca; tudo o que acontece é indelével.
Acrescento: sobretudo os amores, por mais que acabem, continuam vivendo, subterrâneos, dentro de nós, porque, bem ou mal, são essas as vivências que mais nos formaram e transformaram.
A estética do filme de Babenco me tocou tanto quanto a história de Rímini e Sofía. Por exemplo, os personagens circulam por interiores abarrotados de restos do passado: livros, fotografias, quadros, os inúmeros objetos que, a cada mudança de casa, confirmam que nunca conseguimos deixar para trás os vestígios de nossa vida pregressa. Num momento do filme, Rímini se fecha, desesperado, num apartamento vazio; rapidamente, ele se encontra imerso numa montanha de restos: o lixo se acumula como prova irrefutável de que nem na derrelição é possível começar do zero.
À primeira vista, isso pode parecer estranho. Afinal, estamos acostumados a pensar que, na modernidade, os indivíduos são definidos por suas potencialidades futuras mais do que pelo passado. Não é assim?
Pois é, não exatamente. A modernidade começa quando paramos de deixar que a tradição diga quem somos. Não terei necessariamente a mesma profissão que meu pai, não serei nobre porque ele foi, não viverei no mesmo lugar dos meus antepassados, não escolherei meus amores para preservar a integridade de minha casta, religião ou raça e por aí vai.
Mas se o legado da tradição se torna menos relevante, é justamente porque o que me constitui é minha história -não apenas a intensidade do momento e a audácia de meus planos, mas o conjunto das experiências que vivi.
No começo da Revolução Francesa, o povo queria fazer tábua rasa: eliminar os nobres pela guilhotina e seus vestígios pelo fogo. Após um vigoroso debate, os vestígios foram poupados, e foram inventados os museus públicos. Poucas décadas depois, nasciam os conceitos de patrimônio histórico e de preservação dos monumentos. Ao mesmo tempo, surgia um interesse, que nunca mais se desmentiu, pela narração e pela compreensão da história.
Não funcionamos diferente: é possível guilhotinar os amores do passado ou (menos radical) apagar seus números de nosso celular, é possível até queimar fotografias -embora dificilmente sacrificaremos aquele desenho que compramos juntos, num sábado, na praça Benedito Calixto. De qualquer forma, mais que a lembrança, os rastros do passado sempre assombram o presente e o futuro.
Quando decretamos novos começos, ilusórios ou não, nem por isso conseguimos apagar nossa história: podemos apenas contá-la mais uma vez, quem sabe revisá-la ou corrigi-la, para pior ou para melhor.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Convite do Koproski

Meus amigos, convido vocês para o lançamento de ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR, a antologia poética de LEONARD COHEN que organizei e traduzi, publicada pela editora 7 Letras.


O evento ocorrerá nesta QUINTA-FEIRA, dia 25 de OUTUBRO, a partir das 19:30 horas, no BAR SAL GROSSO (Largo da Ordem, 59, ao lado do bar do alemão...).


Conto com sua presença para celebrarmos juntos, com muita poesia e por certo alguns drinks esta homenagem ao grande COHEN!


um abraço


Fernando Koproski


SOBRE O LIVRO:
A editora 7 Letras está lançando ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR, a 1ª antologia brasileira de poemas de LEONARD COHEN, com organização, tradução e apresentação de Fernando Koproski. Utilizando como fonte poemas selecionados de 8 livros do autor, o volume apresenta pela primeira vez em edição brasileira poemas representativos dos temas mais freqüentes da obra poética de Cohen, permitindo uma avaliação da surpreendente poesia deste autor que no Brasil é conhecido como músico e compositor.


SOBRE O AUTOR:
Leonard Cohen nasceu em Montreal, Canadá, em 1934. Estreou na poesia com Let us compare mythologies em 1956, ao que se seguiram mais nove livros de poemas e dois romances, que até hoje instigam e influenciam diferentes gerações de leitores no mundo inteiro.
Cohen foi traduzido para mais de 20 idiomas, tais como o francês, italiano, alemão, polonês, espanhol, hebraico, chinês, sueco, dinamarquês, russo, holandês, norueguês, finlandês, tcheco, turco, croata, sérvio, romeno, esloveno, bósnio, islandês e o persa.
Estreou como músico e compositor em 1967, com o álbum Songs of Leonard Cohen. Depois disso, já gravou outros dezesseis discos. Sua obra musical recebeu homenagens, tributos e regravações por parte de artistas rock e pop, tais como R.E.M., Pixies, Nick Cave and the bad seeds, Ian McCulloch, James, Lloyd Cole, John Cale, Sting, Elton John, U2, Jennifer Warnes, Judy Collins e Madeleine Peyroux.


SOBRE O TRADUTOR:
Fernando Koproski nasceu em Curitiba, em 1973. É escritor, tradutor e letrista. Publicou 8 livros de poemas, entre os quais: Manual de ver nuvens (1999), O livro de sonhos (1999), Tudo que não sei sobre o amor (2003), Como tornar-se azul em Curitiba (2004) e Pétalas, pálpebras e pressas (2004). Foi co-editor e idealizador da Kafka – edições baratas.
Como tradutor, organizou e traduziu a Antologia Poética de Charles Bukowski Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém (7 Letras, 2005). Como letrista, tem parcerias musicais gravadas por Beijo AA Força, Alexandre França e Carlos Machado. É Bacharel em Letras Inglês e Mestre em Literatura de Língua Inglesa pela UFPR.


Livro: ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR, 184 páginas (edição bilíngüe).
Autor: LEONARD COHEN
Editora: 7 Letras
Tradutor: Fernando Koproski


Lançamento:
quando? 25 de Outubro, quinta-feira, a partir das 19:30 horas
onde? Bar Sal Grosso, Largo da Ordem, 59, f. 3222 8286
** Preço Especial de lançamento: R$ 30,00 **
Informações: fkoproski@yahoo.com.br




UM POEMA DE LEONARD COHEN:


Não há traidores entre as mulheres
A própria mãe não conta ao filho
que elas não nos querem bem


Ela não será domada com conversas
A ausência é a única arma
contra o supremo arsenal de seu corpo


Ela guarda um desprezo especial
para os escravos da beleza
Ela permite que eles a vejam morrer


Perdoem-me, companheiros,
Eu canto isso apenas para aqueles
que não se importam com quem ganha a guerra


(poema incluído em Atrás das linhas inimigas de meu amor).




Fragmento da orelha por Nelson de Oliveira:


Muita gente não conhece esses poemas. Mas conhece bastante bem a voz grave, áspera e vagarosa — afinada por cinqüenta mil cigarros — desse compositor e intérprete de dezenas de canções sombrias e melancólicas. Canções já clássicas, como Famous blue raincoat, The future e Waiting for the miracle. Canções que, como certos poemas aqui reunidos, tocam o Oriente, as drogas, as portas da percepção, o corpo da mulher amada, o céu e o inferno. “Suas canções cada vez se parecem mais com orações”, afirmou Bob Dylan. Os poemas também se parecem bastante com orações.
Muita gente não conhece esses poemas, essa sinistra liturgia. Mas agora vai conhecer, graças ao cuidadoso trabalho de seleção e tradução de Fernando Koproski. O mesmo Koproski que tempos atrás selecionou e traduziu ótimos poemas do Bukowski. Ótimos poemas que muita gente não conhecia. Do mesmo Bukowski desgrenhado e amassado que torcia o nariz para o elegante e alinhado Cohen. Guarda-roupa à parte, o americano e o canadense se entendem muito bem nos terrenos baldios da lírica.
Koproski recolheu vários poemas da vidraça embaçada e os trouxe pra cá. Para o calor dos trópicos. Para as cidades do verão sem fim. Que subitamente esfriaram, acinzentaram, apagaram os olhos externos para acender os internos. A nuvem de gafanhotos do Credo desceu sobre os edifícios. A montanha de Alguns homens mudou de nome e de dono. O ouro e o marfim d’As flores que deixei no chão taparam os buracos no asfalto. As mágoas e as carruagens d’A Rainha Vitória e eu atrapalharam o trânsito.
Outros fenômenos estranhos, irônicos e eróticos estão ocorrendo. Afinal os anseios carnais e espirituais desse libertino encantador foram trazidos pra cá quase sem aviso. Como eram trazidas, há milênios, as revelações violentas dos velhos profetas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Amor e suas filosofices

Ao longo dos séculos, vários filósofos manifestaram suas idéias a respeito do amor, quer ressaltando seu valor positivo e exclusivamente humano, quer lendo nele a expressão inefável da transcendência, ou ainda tratando-o como meta inalcançável. Seguindo essas diretrizes, o professor de filosofia e teologia Maurizio Schoepflin reuniu algumas das principais doutrinas ocidentais na antologia O amor segundo os filósofos.

O primeiro pensador a elaborar uma reflexão ampla e profunda sobre o assunto foi Platão (428/427-347 a.C.). Na concepção do filósofo ateniense, este sentimento impulsiona o ser humano a elevar-se ao mundo ideal, onde residem a verdade, o bem e a beleza. Amor platônico significa disposição para buscar o que é eterno, perfeito e imutável, cuidando para que as paixões não o transformem num afeto físico. Também julgando negativamente a passionalidade, o filósofo holandês Baruch Spinoza (1632-1677) identifica o amor como uma forma suprema de racionalidade, possível quando o conhecimento liberta o espírito dos desejos, aproximando o homem da felicidade completa.

No centro de sua filosofia, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), por sua vez, realça o que considera imperativo para a humanidade: voltar ao "estado de natureza", pois o progresso tornou os homens egoístas, violentos e desordenados. O amor deve encontrar de novo sua dimensão mais autêntica, aquela que a própria natureza lhe atribuiu e os seres humanos distorceram.

Marcado pelo pessimismo, o pensador Arthur Schopenhauer (1788-1860) classifica o amor como um sentimento falso e enganoso. Segundo ele, por mais etéreo que possa parecer, o sentimento amoroso está sempre enraizado no instinto sexual e seu objetivo final é o ardente desejo de reproduzir, o que pode levar à redenção, ou seja, à entrega total do anseio pela vida. Em nome do amor, o ser humano está disposto a cometer qualquer perversidade e aceitar qualquer sofrimento.

Entre as diversas exposições que O amor segundo os filósofos apresenta, encontra-se também a de Jean-Paul Sartre (1905-1980). Na visão do filósofo parisiense, a união amorosa é um conflito incurável, já que assimilar a própria individualidade e a do outro em uma mesma transcendência implica o desaparecimento do caráter de um dos dois. Quem ama limita a liberdade alheia, apesar de ter a convicção de respeitá-la. Para Emanuel Lévinas (1905-1995), entretanto, a identidade mais autêntica de cada pessoa está ligada à responsabilidade com relação ao outro. O que sustenta o ser humano é a proximidade com seus semelhantes, portanto, ele deve aceitar incondicionalmente o fato de ser responsável pelo outro e refém em suas mãos.

Contradição, luzes e sombras, mas sobretudo potência, esperança e vida. Assim é o amor, como mostra Maurizio Schoepflin na apreciação dessas e de outras interessantes teorias. Um sentimento que dá forma e alma ao mundo e que inspira o pensamento e as obras dos homens, desde a arte até os domínios da espiritualidade, da ciência e da poesia.

O café mais caro do mundo

Só a Caren pra me informar dessas bizarices.


O café mais caro do mundo, conhecido como Kopi Luwak, é comercializado a mais de 250 euros por kilograma.

O seu nome “Kopi Luwak” vem da palavra bahasa (indonésia) para “café” e de “luwak”, um pequeno primata asiático que selecciona com os seus critérios, os grãos de café que lhe são apresentados, para os comer. Os preparadores recolhem depois das fezes do “Luwak” cada grão de café, lavam-nos cuidadosamente e produzem assim aquele que os especialistas consideram o melhor café do mundo. Os grãos conhecem uma pequena fermentação natural no estômago dos “Luwak”, o que lhes confere um sabor levemente achocolatado.

Embora altamente valioso, não é possível produzir mais do 100 Kg de “Kopi Luwak” por mês.

Fonte: Buy Kopi Luwak

Eu sou nuvem passageira

E finalmente eu voei...

Nooooooooooooooooossssssssssssssssssssaaaaaaaaaaaa!

Foi o melhor presente de aniversário!

Agora será difícil me tirar do ar:
Eu não páro de pensar nisso!!!







domingo, 23 de setembro de 2007

filosofices...

A cada dia que vivo, mais me convenço que o desperdício da vida
está no amor que não damos, na força que não usamos, na prudência que nada arrisca
e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

OVNI parte 2

Agora, quem está dizendo são os especialistas.


http://www.ufo.com.br/index.php?arquivo=notComp.php&id=3305

Nooooooooooooosssssssssssssssssssaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Homens, tirinhas e greve.

Hoje enquanto trabalho em São Paulo, a fábrica de São José dos Pinhais está em greve. É isso aí, agora sou companheira. Quinta-feira estarei de vermelho no piquete. Afinal eu adoro vermelho e bagunça. Até vou deixar de fazer a barba.

Hoje fim de tarde desço a Alameda Campinas com os pés em bolhas e descalços, sapatos plataformas vermelho verniz MARAVILHOSOS nas mãos, penso na vida.

No avião, leio "Flush: Memórias de um cão", da Virgínia Woolf. Quase caiu dura de saudades do Tiquete. Amo aquele monstro peludo e insano.

No hotel, espero meus amigos Campiteli e a Jeny aparecerem enquanto escrevo sandices nesse blog. Coisas que com certeza, na madrugada de hoje, irei me arrepender.

Enquanto isso, em Curitiba, meu amigo querido, o Piu que mora tão longe, no Acre está por lá. O Piu?! Aquele das tirinhas de palitinho. Lembra?

Vai uma idéia para uma tirinha:

Dois largados no sofá, um homem e uma mulher.

O moço dispara essa, assim desse jeito, a seco:

- Ei, você se casaria comigo?

A moça, meio surpresa:

- Cuidado que eu posso responder que sim, héim?

E ele:

- Eu só perguntei. Não pedi.*

*Qualquer semelhança é mera verdade. rsrsrs

HAHAHAHAHAHAHA...

Homens são as coisas mais fofas do mundo.
Eles são tão fortes e inteligentes.
Não canso de admirar esses seres tão diferentes de mim.

Piu, estou com muitas saudades.
Você é muito mais que fofo, é lindo.

Até amanhã. Beijos.

Cansei de ser Sexy

Okey, eu sei que não sou nenhuma diva do cinema dos anos 30, mas aprendi um
truque com a minha amiga Danielle: os olhares "blues" dramáticos e suspiros longos a se perder de vista, inspirados nessas musas.
Os mocinhos caiam apaixonados pela Dani. Eu e o Fernando, adoravámos
todo aquele teatro.
Agora ela está muito bem casada, mãe do pequeno Francisco,
eu me pego sozinha imitando-a. E, não é que funciona?
.......................................................................................................................................................
Como parecer uma diva dos anos trinta: sente sozinha em um bar, ou mesmo em uma danceteria ou com amigos afaste-se um pouco do grupo. Um olhar perdido, uma cara nostálgica, meio entediada, um suspiro longo, um arfar o peito, a mão segurando um copo de Southern Confort e na outra um cigarro. Solte uma baforada longa para cima, e com o pescoço e os olhos acompanharem a fumaça até ela se desfazer, como se seus pensamentos também estivessem, assim perdidos.

Isso pode parecer um pouco pretensioso, mas essa é a vantagem de passar dos trinta,
você pára de querer agradar os outros e se importar com a opinião alheia. Você pode se dar o direito de andar com quem você realmente gosta e com pessoas que te acrescentam coisas boas e descarta o resto que não interessa.

Voltando a frase de diva, ela é minha e saiu sem querer em uma sessão de terapia, eu não prestei atenção e na sessão seguinte, minha terapeuta relembrou.
Deve ter saído muito sem querer, e essa é outra vantagem ou desvantagem de se ter um blog: você pode falar coisas que só tem coragem de falar em voz alta para um amigo.
Olha eu fugindo de novo.

"Cansei de ser admirada, eu quero ser amada".

Acho lindo e lisonjeiro meus ex-namorados me ligarem depois de anos me agradecer por terem se tornado homens fiéis que sabem dar valor a uma mulher e blábláblá...

Lembro do Rogério: - Com você eu sou o homem que eu quero ser. Sinto-me uma pessoa melhor. Acabou casando com outra e ainda botou o nome que eu havia escolhido pra nossa filha na pequena dele.
Outro ex, o Adriano (leitor desse blog, Adri, não fique bravo, se quiser eu mudo o seu nome rsrs) depois que eu descobri que ele havia se casado - detalhe: ele não me contou (ainda o te perdoei por essa) - me manda um e-mail me agradecendo por eu ter sido uma inspiração para ele se dedicar a sua mulher e ter aprendido a se doar a alguém depois do nosso relacionamento.

Cansei de ser missionária! Acho que já fiz o suficiente da minha cota de transformações de homens em bons pais e ótimos maridos.
E tem muita mulher por aí que deve me agradecer.

Mas dá para aparecer um cara que esteja no ponto para mim?
Seja ele quem for, com qualidades e defeitos, será amado pelo o que é.

Não precisa mudar nadinha não. Só precisa ser honesto, divertido e inteligente.
É pedir muito?

Agora eu quero tudo: mãos dadas, andar na praia, beijar na piscina, dormir de conchinha, ligar pra perguntar como foi o meu dia, fazer jantar à luz de velas, paparicos e espaço (sim, isso eu não abro mão).

O preço não é alto, porque ele vai receber tudo isso e mais de mim também. E com prazer.


Chega de reformas!
Agora dá para alguém só me amar e parar de me agradecer?
Ou me ame e agradeça por eu existir. Vou achar lindo! : )

domingo, 16 de setembro de 2007

Cenas de uma festa de casamento - FELIZ!

É claro que eu chorei!



























OVNI e o Led Zeppelin

Aí vai o link do OVNI que a Adriane viu no domingo passado da janela da casa dela, no Boa Vista. Para quem não entendeu: ela viu mesmo e filmou.

É impressionande. Eram tubos de pelo menos, 50 cm cada um.

Olhem o balé dos dois. Amaaaaaaaaaaazingggggggggg!

http://br.youtube.com/watch?v=6p6qR-Op4zw#GU5U2spHI_4

O editor da revista UFO enviou um um e-mail para Adri dizendo que estão investigando a imagem e que acharam-na impressionante.

Há uma equipe de especialistas analisando-a! Pode crer, ela teve que responder a mil perguntas. Se eles não detectarem o que é, vão publicar!


Aha! E ela disse que um dia eles iriam voltar!

Na verdade, segundo a Adri, o OVNI que era um balão promocional para promover o show do Zeppelin, é claro! : )

Tá tudo explicado!


12/09/2007 - 16h48
Após 19 anos, Led Zeppelin se reúne para show em Londres
da BBC Brasil

Os integrantes ainda vivos da lendária banda de rock Led Zeppelin anunciaram nesta quarta-feira que vão se reunir para um show em Londres, depois de 19 anos sem se apresentarem juntos.

Divulgação

Robert Plant (à esq.) e Jimmy Page, integrantes da banda de rock Led Zeppelin

O vocalista Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page e o baixista John Paul Jones vão tocar em um show em homenagem ao fundador da Atlantic Records, Ahmet Ertegun, em 26 de novembro, na O2 Arena.

"Durante a existência do Led Zeppelin, Ertegun foi uma grande base de solidariedade e harmonia", disse o vocalista Plant. "Para nós, ele era a própria Atlantic Records, além de ser um grande amigo."

O baterista da banda, John Bonham, morto em 1980, será substituído por seu filho, Jason.

Segundo Harvey Goldsmith, um dos promotores do show, os músicos ensaiaram durante uma semana, depois de terem sido convidados a tocar por apenas 30 minutos.

"Após os ensaios, tivemos uma reunião e Robert anunciou que eles estavam dispostos a realizar um show inteiro, mais longo", revelou.

A última vez que o Led Zeppelin se apresentou com sua formação original foi em julho de 1980, em Berlim, dois meses antes da morte de Bonham.

Os membros restantes tocaram no Live Aid cinco anos depois, e no 40º aniversário da Atlantic Records, em 1988. Mas uma briga entre Jones e os outros dois músicos os separou.

O show em novembro vai coincidir com o lançamento de uma nova compilação da banda, em um duplo CD intitulado Mothership.

Organizadores do evento esperam que o reencontro do Led Zeppelin provoque uma grande corrida pelos ingressos.

Por isso, os bilhetes serão sorteados. Os interessados terão que se registrar no site ahmettribute.com, dedicado exclusivamente ao espetáculo.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A pagadora de promessas









De joelhos, sentada oi de pé em frente aos portões da Igreja do Senhor do Bonfin, Salvador.
Uma ateia, que além de fazer promessas, ainda paga. Vejam só!

Eu adoro as contradições!

E com testemunhas: belíssimas fotografias, amigos e boa música.

Obrigada Jade, Du, Rafa e Dôra.

Você tem razão Jade, esse dia foi muito especial.
260 coloridas fitinhas de Bonfim amaradas uma a uma nos portões cinzas da Igreja.
E o vento sobrou o colorido das fitas.
Foi lindo e romântico.
Uma experiência única!

Ai, que saudades da Bahia.







O primeiro beijo do meu segundo amor



Este foi o primeiro beijo do meu irmão. Pena que ele recortou essa foto, a original é muito engraçada: estou atrás do casal aos prantos. Fiquei enlouquecida de ciúmes e caí no berreiro. Ela foi tirada em Minas Novas, Minas Gerais, na AABB (Associação do Banco do Brasil). Eu, meus pais e meus irmãos moramos lá até encontrar uma casa para nós. Foi muito divertido morar em um clube cheio de espaço para brincar. Quem me consolou esse dia, foi o boy do banco. Um gatinho lindo, muito mais velho do que eu. Por tanto, meu terceiro amor, e platónico. Meu irmão tinha seis anos nessa foto, eu sete e o boy uns 16. Complicado, ele nunca soube. O primeiro de uma série de amores guardados, que acabam arquivados em caixinhas, com cartas nunca enviadas, palavras nunca ditas, sonhos e beijos guardados.

Meu primeiro amor, foi meu pai, é claro. Ele adorava me levar no trabalho dele, nas rodas de truco, nas rodas de viola (eu lembro que eu cantava uma música linda e triste, algo como "o sertão vai virar mar, dói no coração, com medo que algum dia o mar também vire sertão).
Meu pai também, adorava visitar os clientes do Banco. E lá ia eu junto, cantarolando com ele músicas sertanejas, atravessando os mata burros (eu morria de medo deles, achava uma maldade com os animaizinhos).
Íamos nos engenhos de farinha, nos alambiques de pinga, nos fornos de bijú.
Não teve um sítio do Vale do Jequitinhonha que eu não conheci com meu pai.
Ele era adorado pela comunidade e pelos colegas de Banco. E por mim, é claro.

Meu irmão foi o segundo que amei.
Criança linda, encantadora, boazinha.
Eu lembro que toda a Páscoa meu avô mandava de São Paulo uma caixa repleta de chocolates. Eu e minha irmã devorávamos sem parar todos os doces. As cidades que morávamos eram tão pobres que não tinha telefone, piscina, posto de gasolina, hospital e para o desespero das crianças chocolates! O meu irmão distribuía a parte dele para as outras crianças. Eu lembro que eu achava tão lindo aquela atitude, invejava por não ter o coração assim tão bom. Eu até escondia a minha parte. Gulosa!
Meu irmão era a loucura das garotinhas da sua idade. Bilhetinhos, presentes, declarações de amor. Pudera, o único galego da cidade. E fofo que só.

Amanhã meu irmão se casa com a Ana Carolina.
Espero não abrir um berreiro como nessa fotografia antiga.
Ele continua o mesmo garotinho amável e brincalhão de sempre.
Fer, eu amo muito você, seja muito feliz nessa sua vida nova.
Falta apenas um pouco de ambição para esse garoto.
Do meu terceiro amor eu não tenho mais notícias. Aposto que é um homem lindo.
Espero que ele esteja bem em que parte do mundo estiver.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Perigo!!! Micophone

http://youtube.com/watch?v=QYl0JUi5G0U