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Ontem terminei dois livros: “O Caráter Contagioso da Mediocridade”
(repetitivo, sem nada de novo, porém um desabafo válido do autor) e o “Caminhando” do Henry David Thoreau, autor de “Desobediência Civil”. Livro maravilhoso que vai exigir um post só pra ele. Segue uma palhinha: "eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido".
Depois da leitura, Michelle me convenceu a tirar o pijama e ir à locadora com ela.
Lá enlouqueci com os lançamentos na Cartoon:
"O Perfume" (assisti no cinema e adorei)
e o "Factotum", onde Matt Dillan interpreta
Henry Chinaski, alterego do escritor
Charles Bukowski.
Por causa deste personagem, o Chinaski é meu bar favorito.
O poeta Fernando Koproski me apresentou o livro “Cartas na Rua” do Bukowski
e depois a Adriane me falou de “Mulheres”. Fantástico! Quando estou de saco cheio
do meu trabalho, releio "Cartas na Rua".
Inéditos e sem tradução para o português até então, Fernando traduziu e selecionou os melhores poemas do Bukowski no livro “Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser eu mesmo amém” (Sette Letras, 2005). Perfeito para aquela época da minha vida, quando morava na Casa dos Perdidos com as paredes tingidas
de vinho. Depois fui atrás de Fante. O que tem esse John Fante
que o Buckowski venera tanto? Descobri “Sonhos de Bunker Hill”
e mais tarde “Pergunte ao Pó”. Arturo Bandini, um aspirante a escritor, sem um tostão no bolso, apaixonado pela garçonete mexicana Camila. Ele quer ser rico, famoso e amar muitas mulheres, mas tem medo delas. Tem medo de Camila e por isso a humilha.
Bem melhor do que eu, leia o que Buckowski fala do livro:
"Então, um dia, puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé por um momento, lendo. Como um homem que encontrara ouro no lixão da cidade, levei o livro para uma mesa. As linhas rolavam facilmente através da página, havia um fluxo. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim."
O primeiro parágrafo do “Pergunte ao Pó”:
"Uma noite, eu estava sentado na cama do meu quarto de hotel, em Bunker Hill, bem no meio de Los Angeles. Era uma noite importante na minha vida, porque eu precisava tomar uma decisão quanto ao hotel. Ou eu pagava ou eu saía: era o que dizia o bilhete, o bilhete que a senhoria havia colocado debaixo da minha porta. Um grande problema, que merecia atenção aguda. Eu o resolvi apagando a luz e indo para a cama."
Voltando aos filmes:
O que acontece é o mesmo problema do filme "O Perfume":
O ator (Ben Whishaw) é um gato e eu sempre imaginei
Grenouille como um cara miradinho e grotesco.
E o Matt Dillon de Henry Chinaski, não dá para engolir.
O cara é lindo demais. Cadê as espinhas e a barriga
do meu anti-herói?
Olha que o moço se esforça. Eu gostei dele, mas ele
é lindo. Coitado. Não dá.
Ok, a Michelle tem razão, o Bandini é foda.
Mas eu ainda sou mais o Chinaski, com seus empregos
que ele acaba sempre sendo demitido ou largando,
suas mulheres baratas, bebedeiras e apostas em cavalos.
Eu gostei do Colin Farrell como Bandini. Talvez porque nunca fui muito com
a cara desse ator. O Bandini é mais romântico e sabe que é superior por ser um escritor, por mais que ainda ninguém o reconheça. Ele sabe. E tem a negação do amor que ele sente por Camila. Ela é tudo que ele não quer ser, tudo o que ele foi e que ele não quer mais lembrar. Ok, ele pode ser bonitinho, mas eu imaginei Bandini bonitinho quando li o livro. Perdoado.
Meu herói é tosco: Henri Chinaski é tosco. Tosco como o Mickey Rourke interpretando
o mesmo, em Barfly. P E R F E I T O. Vou assistir novamente.
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Uma coisa que eu não entendo: o que os homens vem nessa
Marisa Tome? Ô mulherzinha mais sem sal e pimenta.
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Apesar da empolgação eu acabei dormindo no meio do filme,
Hoje à noite eu continuo e amanhã eu digo o que achei.
Mas adianto que Lily Taylor está ótima, superescrachada, suja com aquelas lingeries velhas.
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